9 de jun. de 2011

Zefa da Guia

Teve oito filhos, criou 18 e possui 2.800 afilhados. Por suas mãos nasceram sergipanos, alagoanos, baianos e até pernambucanos.


Por: Egicyane Lisboa Farias

Em volta à vegetação da caatinga, mora Josefa Maria da Silva Santos, aposentada, analfabeta e parteira, uma espécie de matriarca da região. Conhecida como Zefa da Guia, por causa do nome da serra onde mora com mais 72 famílias fica a comunidade quilombola.

Para se chegar à comunidade é preciso percorrer 180 quilômetros, distância de Aracaju até a cidade de Poço Redondo, e mais 45 minutos de estrada de terra batida, passando por um povoado, um assentamento, fazendas e pequenos ranchos. Ao longe se avista uma casinha amarela no pé da Serra da Guia, localizada no Complexo da Serra Negra, que se estende por Canindé de São Francisco, Poço Redondo e Pedro Alexandre (Bahia).

Josefa nasceu em 15 de setembro de 1944, em um povoado de Poço Redondo chamado Risada. É a caçula de sete irmãos, filha de agricultores. A mãe trabalhava também como louceira e costureira para aumentar a renda familiar e ainda exercia a função de parteira. Sua simplicidade deixar transparecer a intensidade de sua trajetória como parteira e os seus anos de estrada.


DESCOBERTA DE UM DOM

Ainda adolescente, aprende a prática no improviso da necessidade. Os partos que realiza ajudam diversas mulheres que não podem chegar ao atendimento hospitalar. Sua primeira percepção da atividade que queria exercer foi aos 11 anos de idade, quando uma parteira responsável pelo parto da esposa de seu tio se embriagou, ficando impossibilitada de realizar o parto. Josefa assumiu a tarefa. Como sempre foi muito observadora e cuidadosa não encontrou dificuldades na realização do parto. Desde então, sentiu que deveria ajudar mulheres a dar à luz, e vem realizando partos, tanto na própria comunidade quanto nas cidades vizinhas. Esse dom de parteira não teve nenhum aprendizado formal, institucionalizado, o que não diminui a importância do seu trabalho.


Quando Dona Zefa iniciou como parteira morava em barraco de taipa coberto de palha de licuri. As parturientes geralmente tinham os filhos em cama feita com vara, da mesma forma em que ela também teve os seus. E embaixo da cama colocava uma cuia para aparar os “restos de partos” e se utilizava de uma tesoura para finalizar. Além de auxiliar o nascimento, Zefa abastece a casa da parturiente de tudo que é necessário e, se falta alimento, tira do seu próprio sustento. Ajudando no cuidado com a criança, assiste à mãe após o parto, observando sintomas e orientando sobre registro de nascimento e vacinações.


Várias crianças vieram ao mundo por suas mãos, sem alardes e sem problemas.Só em uma mulher realizou 24 partos, todos bem sucedidos. Até hoje contabiliza cinco mil partos. Em algumas regiões, para atender o chamado costumava ir a pé, a cavalo, em pequenas embarcações, por estradas, por rios ou no meio da mata. Mas Dona Zefa também é uma mãe de cinco filhos criados, oito gerados, sendo que trê já falecido, 18 adotivos, 36 netos, seis bisnetos e 2.800 afilhados batizados na igreja. Sem grandes pretensões econômicas, doa seu tempo à mulher na hora do parto. Está ali cumprindo sua missão e a mãe é o centro das atenções. Seu tempo livremente dedicado ao parto e com sua sabedoria inata, não tem pressa, pois sabe que é prudente observar a natureza e deixá agir. É confidente, humilde, corajosa, paciente, compreensiva e amorosa.


FÉ E DEVOÇÃO

Além de parteira acumula também a função de rezadeira, recebendo diariamente pessoas de várias idades e regiões que vão em busca de suas rezas. Benzedeira de mão cheia, tem remédio pra tudo, domina ervas e orações. Com um espaço próprio para este fim, agregado à casa, Dona Zefa aplica aos enfermos palavras de conforto. Compenetrada, geralmente soma as palavras aos movimentos com as mãos, fazendo sinal da cruz sobre o paciente. Algumas rezas são ditas em voz alta, outras, apenas balbuciar dos lábios. Em alguns casos as rezas são acompanhadas de um receituário no qual são aconselhados chás, banhos, garrafadas, defumadores, pagamentos de promessas e advertência sobre o que pode ou não fazer no período de tratamento.



No ultimo sábado do mês de novembro, todos os anos é realizada a novena para Padre Cícero Romão, “meu Padim Pade Ciço”, como assim o chama. Instalou um santuário especialmente para a realização das novenas na sua casa. A sua devoção é tão grande que há 33 anos viaja para Juazeiro do Norte-(CE) para a romaria que é realizada no mês de janeiro. A organização das festas religiosas da Serra da Guia fica por conta dela, contando com o apoio de alguns moradores antigos da comunidade.

Mas Dona Zefa também tem sua própria novena, que ocorre à 30 anos, dia 3 de maio, no topo da serra. A festa da promessa, que assim é denominada por ser resultado de uma graça alcançada pela própria, irradiada para os demais moradores da comunidade Serra da Guia, atraindo também diversas pessoas, que gravam esse acontecimento e levam para as suas cidades. Após nove dias de novena ocorre a procissão até o topo da Serra às 3 horas da tarde. O acesso não é nada fácil, pois o trajeto é cheio de cactos e o terreno é íngreme. Mesmo assim as pessoas sobem levando pedras em sinal de sacrifício. Religiosa, a parteira prefere não revelar o motivo da sua promessa.

LÍDER COMUNITÁRIA

Dona Zefa como se fosse pouco, ainda atua como líder comunitária, orientando seu povo na labuta do dia-a-dia, ela se faz ouvida e luta para que as reivindicações da sua comunidade sejam colocadas em prática e não fiquem apenas no discurso.

Sempre com seu jeito humilde, diz que todos querem saúde, paz e amor. Pede sempre que se ajudem, para que a sociedade seja sem violência e com felicidade. Por realizar tanto por sua gente, é chamada por “Madrinha Zefa”, “Dona Zefa”, “Mãe Zefa” “Vó Zefa” e outros nomes carinhosos. Já conseguiu que chegasse energia elétrica na comunidade quilombola e está lutando por água encanada. Realiza leilões para arrecadar fundos e ajudar os mais necessitados e busca implantar projetos para que os moradores do quilombo tenha condições de ter sua própria renda e não ficar dependente de benefícios do governo.

Mantém também a preservação da vegetação nativa da Serra da Guia, está lutando para que se torne reserva ambiental. Dois de seus afilhados, João Batista de Jesus e Gildo Alves dos Santos, que moram na comunidade, são responsáveis pela fiscalização e guias turísticos para os que querem conhecer a Serra da Guia.


TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO


Zefa da Guia viaja por todo Brasil realizando palestras para médicos conceituados, enfermeiras e obstretas. E esse trabalho se dá por uma iniciativa do atual Prefeito Frei Enoque, que a apresentou para as unidades de saúde do Estado. Em uma dessas viagens conheceu um casal que viaja de bicicleta pelo Brasil. Eles saíram de Goiana até Poço Redondo para visitá e estavam hospedados em sua casa no momento da entrevista.

Até hoje seu conhecimento não foi passado para ninguém. Nenhum dos seus filhos ou afilhados se interessaram pelo oficio e isso a entristece, pois, acredita que através do saber transmitido se manteria viva. Esse saber é importante porque mesmo em meio à grande tecnologia seu conhecimento pode salvar vidas em casos complicados ou em ocasiões em que não dê tempo de chegar até o hospital. Através do oficio de aparar criancas, Dona Zefa segurou em suas mãos cerca de duas gerações. A história da vida desse personagem, associada com a de sua família e amigos, representa um quadro sobre a formação da Serra da Guia e de Poço Redondo de maneira geral.

8 de jun. de 2011

Pés sem unha



Há 25 anos não é “só mais um São João”


Por Maíra Araújo


Em meados dos anos 50 foram surgindo nas ruas, tanto de Aracaju quanto do interior, os “arraiás”. A palavra “arraiá” pode não existir em nenhum dicionário. No lugar dela está arraial, que significa festa campestre. Mas se alguém perguntar a qualquer nordestino o que vem a ser um arraiá ele com certeza irá definir como uma festa típica do mês de Junho em que há muito forró, trajes coloridos, comidas especiais para a época, fogueira, alegria e diversão. Assim essas festas foram crescendo.


FAZENDO HISTÓRIA

Foi a partir da ideia de um líder comunitário que o Arraiá do Arranca Unha surgiu. Organizado por Seu João da Cruz, até então era uma simples festa de rua no bairro Getúlio Vargas que tinha como objetivo reunir e entreter os moradores. De simples festa passou à grande evento. Um ano após a criação do Centro de Criatividade, que aconteceu em 1985, o governo estadual teve a iniciativa de incorporar como programação da unidade cultural o Arraiá do Arranca Unha. Desde então todos esses anos o evento foi realizado e em 2011 será a sua 25º apresentação. Além de ser um concurso no qual quadrilhas de todo o estado disputam entre si, ele carrega o que há de mais tradicional quando o assunto é São João. Roupas, comidas típicas, fogos, músicas, rituais relacionados à religião, tudo isso vem sendo conservado em sua integridade, mesmo depois de passados vinte e cinco anos. O concurso virou uma verdadeira celebração. Logo de cara é visto o envolvimento da comunidade próxima, das mais distantes, dos dançarinos e dos familiares.

“É um concurso muito tradicional. A gente percebe que toda quadrilha tem o maior prazer de dançar aqui na concha acústica, pois ela tem um formato parecido com uma arena teatral ou uma espécie de teatro grego. E eles têm uma vitalidade e uma força que é de dar inveja.” diz o diretor do Centro de Criatividade, Isaac Galvão.

Muitos artistas sergipanos já marcaram presença por lá. Cantores como Jorge de Altinho, Tânia Maria e Paulo Lobo e também nomes importantes do teatro como a atriz Dinha Barreto. Na área de artes plásticas os troféus são feitos, na maioria das vezes, por Andrerson Dias e Lânia Duarte.

O nome dado ao concurso não tem uma história específica. É provavelmente uma forma metafórica de associar o gosto pelo que faz com a empolgação da festividade: “vamos dançar até cair a unha do pé”. Com esse nome mais que original dado por Seu João da Cruz o Arranca Unha fez e ainda promete fazer muita história em Sergipe.


A REGIÃO E O PERÍODO

A região onde o arraiá cresceu é marcada pela parte alta da cidade, onde há muitos morros, vilas, ruelas e becos. Alguns desses becos com nomes bastante interessantes como Arrepiada e Maloca. Este último é o segundo espaço quilombola urbano reconhecido no país e o primeiro em Sergipe. O bairro Getúlio Vargas além de ser reduto negro é também um espaço artístico, então muitos artistas da região, principalmente músicos, marcam ou já marcaram presença no evento. Nota-se então que é muito ativa e pulsante a relação entre o Centro, o bairro e suas áreas circunvizinhas.

Além do histórico da região, a força do período junino tem um significado extremo. Essa força é vista desde o plantio dos alimentos. O homem, no começo do ano, vai plantar em sua terra o milho que depois de três ou quatro meses será colhido e dará origem a tantas outras comidas. Como forma de agradecimento a esse ciclo ele vai pegar seus instrumentos, juntar os amigos e rezar, comer, cantar e dançar.


MEMÓRIA

“É importante que a gente se preocupe com a preservação da história. Não é que ela tenha que ser guardada pra ninguém ver, muito pelo contrário, é uma história preparada, pronta pra ser exposta constantemente, pesquisada e usada no sentido de informar às futuras gerações e também às atuais. O Arraiá do Arranca Unha com certeza nunca vai acabar.”, relata Isaac.


Em 2011

Os festejos juninos do Arraiá do Arranca Unha este ano começam no dia 11 de junho e terá duração de 12 dias, acontecendo sempre nos finais de semana e entre os dias 24 e 30 do mesmo mês. Como todos os anos anteriores o Centro de Criatividade vai ser decorado tematicamente. Para que ganhem uma renda extra, os moradores da comunidade foram cadastrados para que possam vender comidas e produtos típicos nas barracas, de modo que o lucro vai todo para os vendedores. O evento conta com a participação de trios pé-de-serra, um para cada noite. E será dado um prêmio em dinheiro para a quadrilha vencedora.

7 de jun. de 2011

Tia Ruth

Campanha pelo Hospital do Câncer em Sergipe é nova batalha da criadora da Avosos


Por Illton Bispo





Maria Ruth Wynne Cardoso, hoje mais conhecida por Tia Ruth, nasceu em 1930, em Aracaju. De família simples, aprendeu com seus pais, Eduardo e Débora Wynne Cardoso, o sentido da vida. Dona de um sorriso meigo e de um olhar penetrante que cativa qualquer um, principalmente pela sua humildade, tem a força da mulher brasileira e as mãos sempre prontas para servir.



A luta de Tia Ruth na oncologia teve início com as visitas diárias que realizava aos pacientes internados no Hospital Cirurgia, levada pelo compromisso de servir ao próximo. Nestas visitas ela percebeu a carência tanto de recursos hospitalares, quanto de apoio humano. Doceira de mão cheia foi através de um simples bolo que começou seus primeiros contatos junto aos pacientes. Com o trabalho voluntário de distribuir seus bolos, Tia Ruth foi ganhando a confiança dessas pessoas que já notavam algo diferente naquela senhora, pois quando algum paciente não podia mastigar, ela molhava o bolo em um suco e oferecia, com a mesma calma e sorriso de sempre. Levada pela necessidade, além do bolo, Tia Ruth começou a distribuir lanches, agasalhos e palavras de conforto.



Em um gesto de bondade, abriu as portas da sua própria casa para acolher pacientes que ficavam nas calçadas do hospital, alguns chegavam a pernoitar à espera de um leito, ou até mesmo de uma sessão de quimioterapia: avia ainda os que recebiam alta, mas não tinham para onde ir.Até o transporte chegar; muitas dessas pessoas acabavam se instalando na casa de Tia Ruth. Depois de alguém tempo, sua casa passou a ser frequentada pelos pacientes que vinham do interior de Sergipe e dos estados da Bahia e de Alagoas. Ela repartia seu alimento com seus hóspedes e quando acabava, o que era comum, saia pedindo aos vizinhos. Assim mesmo, sem saber, estava transformando sua casa em casa de apoio, funcionando informalmente, que ela mesma chamava de “A casa do Caminho”.






Essa aracajuana de 81 anos, mãe de três filhos, sensibilizou outras pessoas que se uniram a ela na luta pelos pacientes portadores de câncer. O grupo de voluntários cresceu e passou a ter reconhecimento junto à comunidade, recebendo doações e mantimentos. Houve então a necessidade de maior organização no trabalho e em 24 de julho de 1987, foi fundada legalmente a Associação dos Voluntários a Serviço da Oncologia em Sergipe (Avosos), instituição filantrópica e sem fins lucrativos. No ano seguinte, foi instalada a primeira sede oficial da Avosos.



Tia Ruth optou pelos pacientes de câncer pela carência e a descriminação que existia tempos atrás. Na época nem a palavra “câncer” podia ser pronunciada. Alguns enfermos chegavam a ser renegados pela própria família, o que a tocava muito e a motivava cada vez mais. Para diminuir a distância entre os pacientes e seus familiares, ela passava horas escrevendo cartas, pois a maioria deles não sabia ler nem escrever. Eram pequenos gestos que significavam muito para eles.



Ao longo dos anos ,Sergipe não desenvolveu uma política de tratamento do câncer e por isso não possui um hospital específico para o tratamento do câncer. O estado tem apenas dois centros de oncologia que funcionam em hospitais da capital, mas os serviços não são ofertados satisfatoriamente. O HUSE - (Hospital de Urgências de Sergipe) possui apenas dois aparelhos de radioterapia, quando na verdade são necessário mais dois. Cada aparelho comporta somente 75 procedimentos por dia, mas atualmente faz mais de 110 e durante todos os dias da semana. A consequência disso é a quebra constante do aparelho prejudicando todo o procedimento terapêutico nos pacientes, piorando uma doença que já é grave.



E em virtude das deficiências do HUSE, a Avosos sofreu a perda de muitas crianças e adolescentes, fato triste que marcou profundamente a vida de Tia Ruth e fez com que a instituição implementasse em suas campanhas a compra de medicamentos oncológicos para suprir a deficiência hospitalar. Em 1992 nasceu a Casa de Apoio à Criança com Câncer Tia Ruth, que faz parte do Avosos e contribui para suprir as limitações do HUSE, realizando o tratamento de câncer em nível ambulatorial através de convênios.



Os números de pacientes com câncer em Sergipe são altos.Segundo o especialista Dr Petrônio Gomes, para 2011 são estimados mais de 4 mil novos casos de câncer dos quais mais de 1.600 em homens e 2.000 em mulheres. O câncer de próstata será o mais devastador, atingindo mais de 520 casos e os de mama e de colo de útero atingirão mais de 600 mulheres. Desses casos, 50% necessitarão de radioterapia, cirurgia oncológica e quimioterapia. Sem falar nas crianças e nos adolescentes, que não estão inclusos nessa estatística. A cada o sofrimento e a mortalidade dos pacientes aumenta no HUSE e fora dele. São crianças, adolescentes e adultos que necessitam não só de meios médicos, mas também de um ombro amigo e de uma palavra de conforto.



É nesse cenário que Tia Ruth surge mais uma vez, realizando suas tradicionais visitas, levando lanches,cuja distribuição se tornou sua marca registrada. Ela não se cansa de ser voluntária e de se doar, pois acredita que o trabalho voluntário é uma das formas mais generosas de contribuir para um mundo melhor, mais justo e sem disparidades. É difícil encontrar alguém, pelos corredores dos hospitais, que não fale da sua luta. Todos a admiram pela coragem, força de vontade e generosidade. Tinha Ruth é o exemplo que todos querem seguir.



Foi em virtude da importância e necessidade de se obter um hospital especializado para tratar pacientes que sofrem com o câncer que o senador Eduardo Amorim (PSC) lançou, neste ano,uma campanha para construção de um hospital do câncer em Sergipe. A sociedade sergipana está se mobilizando para conseguir, através de abaixo-assinado, as assinaturas necessárias para mostrar ao governo federal a necessidade de enviar os recursos para a construção do hospital.



Essa construção é esperada com muita expectativa por Tia Ruth, que acredita e torce por essa campanha. Ainda assim ela prefere manter os pés no chão, pois, segundo ela, já houve outras iniciativas semelhantes que, apesar de serem louváveis, não se concretizaram, por algum motivo. Enquanto o sonho de Tia Ruth não se realiza, a Avosos vai realizando sua missão junto aos pacientes. Criando e articulando soluções de forma integral para a melhoria do tratamento e da qualidade de vida de crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas.

Hoje Tia Ruth é presidente da ONG que se transformou no Complexo Avosos, formado por duas unidades, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Tia Ruth e o Centro de Oncologia Dr. José Geraldo Dantas Bezerra. Atualmente mais de 350 crianças e adolescentes com câncer e hemopatias são assistidas pela Avosos. As atividades da instituição são elaboradas visando elevar a qualidade de vida dos assistidos e de seus familiares.







Todos dizem que o xodó de Tia Ruth é sua filha biológica e especial, conhecida como “Jéjé,” que se tornou especial devido à demora da realização do parto. Extremamente religiosa, não desanimou e acreditou que tudo poderia ser superado pela força da oração. Cuidar de sua filha, segundo ela, é uma aprendizagem mesmo em meio às limitações. Um dos medos de Tia Ruth é morrer e ter que deixar sua filha , por isso desde já começa a se disciplinar. Como todo brasileiro, gosta de música a predileta de Tia Ruth é o Hino da Avosos, música de melodia doce que toca profundamente o seu coração. Mas o que ela realmente gosta de fazer é ser voluntária. Em 2005 foi condecorada em Brasília, com a medalha do “Mérito Legislativo Câmara dos Deputados”, pelos serviços prestados a sociedade sergipana e ao Brasil através da Avosos, conquistas como esta são atribuídas por ela a Deus.









A campanha para o hospital do câncer em Sergipe tem apoio de Tia Ruth, e está a todo vapor, as assinaturas com abaixo assinado em apoio à construção do Hospital do Câncer de Sergipe será entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ainda este mês em Brasília/DF. As pessoas que se identificam com a causa da Tia Ruth podem procurar a instituição, para realizar um cadastro de voluntário, qualquer pessoa pode ajudar, basta se dirigir a sede da Avosos onde Tia Ruth e o seu grupo lutam, até hoje, para provar que o “amor cura.”







Avosos
Endereço: Rua Leonel Curvelo, 55, bairro Suissa, os telefones são 321



















Créditos fotográficos: atalaiaagora.com. br, portal da saúde, emsergipe.com

6 de jun. de 2011

Os Roberts

Por: Larissa Ferreira.


Uma família unida pelo coração de uma mãe.

A família Roberts, ficou conhecida nacionalmente em 2009 através do programa Caldeirão do Huck, onde fizeram parte do quadro A Festa é Sua, que é a junção de três outros quadros do programa: Lata Velha, Agora ou Nunca e Lar Doce Lar. Três anos se passaram de lá pra cá e as mudanças feitas pelo programa na vida da família ainda permanecem conservadas pela família e pela organização da “grande mãe” e seu fiel companheiro Roberto.
Conhecida em sua comunidade como “mãe de todos”, Dona Etani, matriarca da família Roberts é casada com o policial civil José Roberto com o qual tem 2 filhos biológicos e 51 adotados, tem amor que dá e sobra para todos e seus filhos, e ainda dá auxilio a pessoas da comunidade onde vive. Batalhadora, amorosa, rígida e muito feliz, Dona Etani é um exemplo para todas as mães e seres humanos. Nessa entrevista ela nos conta desde quando surgiram os seus instintos maternos, passando pelas dificuldades e chegando felicidade de ter um trabalho realizado como mãe e com a comunidade onde vive.

Quando começou a surgir esse grande instinto materno?
Começou na minha infância, por que sempre sonhei assim: casar, ter filhos, que eram 13 e foram 10, e depois de criar os meus filhos eu criar os filhos dos outros. A minha família me achava louca. Bom, casei e tive dez filhos, dos dez criei cinco, por que os outros eu perdi. Quando o meu caçula tinha 14 anos, apareceu meu primeiro filho do coração que foi Paulo Roberto, que vai fazer 20 anos agora em junho. E ai houve um grande equívoco nessa história, que não existe filho dos outros, é meu filho mesmo, eu sou a mãe, não tive a gestação e não tive o ato de parir, mas é meu filho mesmo, só não tem a consanguinidade. E depois de Paulo Roberto veio três meses depois Barbara, três meses depois veio Luis e ai ate hoje.
O que passou por sua cabeça quando você encontrou seu primeiro filho do coração?
Eu fiquei parecendo doida, como se eu nunca tivesse tido filho. Sabe como a mulher tem seu primeiro filho, aquela alegria? Foi o mesmo sentimento, só que eu não achava que ia ter tantos depois dele ‘Paulo Roberto’, eu achei que ia ter um, mais um ou mais dois.
Seu marido esteve sempre ao seu lado ou em algum momento ele foi contra as adoções?
Meu marido foi assim, com a adoção de Paulo Roberto, meu marido é medroso “Não, não que a gente não pode” então eu disse a ele “Eu posso, por que eu sou rica, você é pobre” (risos). Nós somos o oposto, ele é o meu freio, tudo meu é pra ontem, é pra fazer logo e ele é mais ponderado, mas ele nunca foi contra, ele é receoso, temerário, mas ser contra ele nunca foi.
Os seus filhos mais velhos te ajudam? Estão sempre presentes?
Vestem a camisa. Estão sempre presentes na hora da necessidade e dificuldade, nesse caso eu falando de doença, por exemplo, quando tem virose, não são um ou dois que tem, são 22 ou 25. Já teve caso de ter 27 com catapora, tudo de uma vez. Então, um vai pra um hospital e o outro vai para outro. Quando tem alguma reunião e eu não posso ir, eles vão me representando. Para levar no colégio ou ir buscar, eles estão presentes. Eles são parceiros, nunca fizeram objeção.
Seu marido é policial civil. A educação dos seus filhos é rígida?
Na base da rigidez, disciplina de exercito. O mundo lá fora não alisa. Eu estou com 59 anos, eu tenho limite, como é que uma criança em formação não vai ter? Aqui em casa existe uma enorme balança de um lado a disciplina, do outro o amor. E é assim que a gente vive. Ninguém tem o direito de molestar ninguém, e ninguém tem o direito de molestar ele, que eu corro atrás do prejuízo. Uma coisa que eu fico maravilhada com eles é a falta de egoísmo, se chegar alguém aqui precisando de algo eles disponibilizam o que tem. Isso pra mim é um grande prêmio. Por que hoje as pessoas andam olhando apenas para o seu umbigo, se nós todos nos uníssemos e cada um fizesse um pouquinho não existiria a miséria que existe lá fora.
Passaram por muitas dificuldades depois da adoção dos novos filhos?
Dificuldades diversas. Dificuldade financeira foi grande, mas não a maior. A maior dificuldade que nós enfrentamos na nossa vida foi uma perseguição de uma representante do ministério público, por que ela achou que nós éramos pobres, e se tem uma coisa que eu não sou é pobre, para mim eu sou a mulher mais rica do mundo: saúde, força, dignidade, linda, eu me acho, me acho não, eu sou linda, por que se eu não me achar, quem vai achar? Se eu não me valorizar, quem vai me valorizar? Então eu nunca me achei pobre. Um requisito que ela achou para eu não ter meus filhos do coração foi que eu era pobre, então começou a colocar empecilho. Como eu não sou de correr quando alguém bate o pé, e você sabe que as autoridades não estão acostumadas a serem enfrentadas. Dai, começou uma perseguição. Chegaram ao ponto de dizer que iam pegar os nossos filhos para colocar em um orfanato. E eu briguei, por que eu sou leoa mesmo, filho é filho, e acho que uma mãe tem de lutar pelos filhos. Pra mim a maior dificuldade que eu já passei foi vê uma representante do ministério público ao invés de nos ajudar, ela poderia ate não confiar no meu trabalho, ela podia fiscalizar, é o direito que ela tem, mas não
puxar o meu tapete. Eu não abrir mão, e não abro mesmo. Eu estando certa eu não abro mão dos meus objetivos. E graças a Deus estamos aqui.
Quando o empresário Luciano Barreto começou a ajudar a sua família?
Foi em decorrência a essa perseguição. Quando nós morávamos na outra casa passou a ser visitada. Você veja como as pessoas infringem a lei. Se nós moramos em São Cristóvão nossa jurisdição é em São Cristóvão. Então só o conselho tutelar, só a justiça daqui que deveria meter a mão. No entanto a justiça de Aracaju quis se meter. Então teve promotor, teve juiz, sem se identificar e eu também não quis saber que era. Por que na nossa casa é assim, qualquer um pode entrar. Eu não tenho o que esconder então qualquer pessoa pode entrar, se alguém quiser vim nos conhecer pode vim é só eu ter disponibilidade. Então aconteceu de todo mundo querer arrancar um pedacinho. Foi quando uma procuradora do estado foi também uma dessas visitas que eles faziam e disse “Existe um grande equivoco aqui. Por que a senhora não esta fazendo nada de errado. Por que a perseguição?”, ela que usou essa palavra, e falou que só voltaria quando pudesse me ajudar. Quinze dias depois ela voltou com Dr. Luciano e Dona Maria Celi para conhecer a nossa casa. Eu tinha uma casa de 8x18m². O primeiro andar foi construído com todo mundo dentro de casa, comendo areia, comendo cimento, mas todo mundo dentro de casa, com muito amor, respeito e disciplina. Quando ele chegou lá e viu a casa fico surpreso em ver as condições da casa e de como eu conseguia viver com meus filhos ali, daí ele nos deu o terreno e disse que dava o material de construção, mas não dava a mão de obra, nesse momento, a promotora começou a chorar, pois não sabia como iríamos construir a casa e eu disse a ela ”O Deus que deu o material e deu o terreno é o mesmo Deus que vai dá a mão de obra”. Quinze dias depois em um jantar, ele estava lá e disse que daria a casa dos meninos pronta em nove meses. Ele deu o terreno, o material, mão de obra e fez a inauguração. No dia da inauguração a casa tava cheia de tubarão, piaba que tinha era só a gente, todas as autoridades do estado estavam aqui dentro, todo meios de comunicação tava aqui dentro. O que se pode imaginar de autoridade tinha aqui. Nós não pedimos nada a ele, foi ele quem quis nos ajudar, nos acompanha ate hoje. Não recebemos subvenção nenhuma do estado, do município, ou da federação. Não temos verba de nada, a não ser do papai do céu.
A comunidade te ajuda de alguma forma?
Não é ao contrario, eu que ajudo a comunidade. Me sinto feliz por isso. Qualquer pessoa que bater aqui tem apoio seja lá qual for. Se eu não puder resolver hoje, amanhã papai do céu ajuda.
A sua família participou do quadro “A festa é sua” do programa Caldeirão do Huck, que une três quadros do programa, um deles é o Lar Doce Lar. Quem teve a idéia de mandar a carta para o programa?
Foi uma amiga minha de Curitiba, que veio morar aqui e na época a nossa Kombi tava caindo aos pedaços, literalmente. Ela me perguntou o porquê de não concerta a Kombi, eu não podia pegar um empréstimo, pois se me endividasse não teria dinheiro nem para fazer a feira. Então, ela resolveu mandar uma carta para o Lata Velha do programa do Luciano Huck. Eu pedi para ela não enviar por que eu não queria pagar mico, mesmo assim ela pegou as fotos e enviou, eu ainda disse a ela “Mulher, não mande lá é sudeste, do sudeste para o nordeste é muito longe e ele não vem”, mas mesmo assim ela mandou. Isso foi em 2007.
Quando foi em meados de novembro de 2009, chegou aqui um carrão, com várias pessoas com maquinas fotográficas, coisas pra medir e filmando, e disse comigo mesma “Meu Deus do céu, que povo mal educado é esse que vem invadindo a casa?”. Eles invadiram a casa. Uma das produtoras conversou comigo na sala, mil perguntas ela me fez, só que eles já estavam aqui há quinze dias, já haviam vasculhado a minha vida inteira, até na boca de fumo eles procurar saber quem eu era, e as pessoas que usam drogas disseram “Não, ali é a mãe de todo mundo. A gente chega na casa dela e tem comida, sabonete, lençol, remédio.”, só eu que não sabia o que tava acontecendo. Me fizeram um monte de pergunta, mediram tudo, fotografaram e a produtora me disse que era uma ONG da Argentina que ligou aqui pra TV Sergipe, e que falaram do nosso trabalho e de Almir do Picolé, eu disse a ela para procurar Almir, por que ele precisa mais do que eu e ela olhou para mim assusta e eu expliquei “Almir precisa mais do que eu. Por que Almir pedi ajuda, eu não. Me viro, faço artesanato, torta, bolo, tenho meu salário, tenho amigos que ajudam, por exemplo, Dr. Luciano paga a energia, dá carne do mês inteiro, que já ajuda. E ele que tem de pedir?”, eles estranharam por que eu disse isso e o outro produtor disse que era melhor fazer com Almir mesmo por ele pedir e eu não. Eu não tenho que pedir, só tenho de agradecer a Deus.
No inicio de dezembro, a TV Sergipe entrou em contato com a gente dizendo que queria fazer o encerramento da programação do ano e que queria fazer aqui em casa, e eu cai como um patinho e achei que era, mas não, era o sujeito narigudo ‘Luciano Huck’ que já tava aqui para fazer a gravação do programa. Então nos entramos no Lata Velha, no Agora ou Nunca e no Lar Doce Lar, quer dizer, o programa todo foi a gente. E graças a Deus não teve mico, a prova que teve foi o coral dos meninos. Foi tudo muito bonito. Jóia mesmo.
Depois de participa do programa, outras famílias assim como a sua, perderam algumas das ajudas que recebiam. Aconteceu algo parecido? Mudou alguma coisa na vida de sua família?
Olha, aqui não aconteceu por que a gente não tem dessa “muito ajuda”. Aqui a gente tem ajuda de pessoas amigas, como é o caso do Dr. Luciano, que é certo, e outros amigos é quando o papai do céu manda. O que ocorreu muito aqui foi que teve caravanas do país inteiro para vim conhecer aqui, gente do Mato Grosso veio de ônibus para conhecer a casa. Mas nesse lado não me abalou. Não vejo diferença.

75 anos de (Des) confiança




Em toda sua história, o confiança vive entre bons e maus momentos, causando a insatisfação de grande parte da torcida






Por Wallison Oliveira


Fundado em 1º de maio de 1936, a Associação Desportiva Confiança, nasceu após uma competição de Voleibol, no bairro Industrial, onde na época os idealizadores Joaquim Sabino Ribeiro Chaves, Epaminondas Vital e Isnard Cantalice lançaram o desafio de fundar um clube de Basquete e Voleibol. Somados e unidos pelo mesmo sonho, os jovens idealistas deram o pontapé inicial para uma história de vitórias e realizações do "Gigante Operário". Somente em 1949, a ADC (Associação Desportiva Confiança) cria seu time de Futebol, realizando diversos amistosos.

Na atualidade, o dragão do bairro industrial, como é mais conhecido por populares, não tem boas histórias para contar, no ano de 2011, por exemplo, o time não vive em um bom momento, pois foi eliminado do campeonato estadual pelo Sergipe, o maior rival do time.

Os últimos bons momentos do Confiança, que ficaram guardados para sempre na memória dos torcedores, aconteceu no ano de 2008. Na época em que o time fez uma excelente campanha no campeonato brasileiro da série c.





Em 2008, o Estádio Lourival Baptista recebia um excelente público, todos iam ao campo para ver uma ótima equipe de futebol jogar, torcida essa que lotava o estádio. Embalado pelos gritos de “vamos subir dragão”, o Confiança fez uma ótima campanha no campeonato no brasileiro da série c, faltando apenas um ponto para conseguir o acesso para a série b do brasileirão. Um dos grandes destaques desse time foi o zagueiro e capitão Valdson, ele que é sergipano, mas jogou em grandes clubes do Brasil, como: Botafogo, Flamengo e Corinthians.

Diferente dos dias atuais, o Confiança já esteve em seus dias de glória, como no ano de1955, quando através do seu padrinho, o Dr. Joaquim Sabino Ribeiro Chaves, realizou o sonho de todo time de futebol, construir o seu estádio de futebol, o Sabino Ribeiro, localizado no bairro industrial em Aracaju. No primeiro clássico do estádio, o Confiança arrasou o Sergipe ao vencer por 6x1. E na decisão do campeonato, depois de vencer o Sergipe por 3x1 no antigo estádio Adolpho Rollemberg, a FSD(atual Federação Sergipana de Futebol), marcou a 2ª partida da final novamente no Adolpho. Não concordando com a decisão, o Confiança desfiliou-se da FSD e, depois do amistoso contra o Olímpico, fechou as portas.

Revoltada com a atitude tomada pelo patrono do Confiança, a torcida proletária realizou uma grande passeata que praticamente cruzou a cidade até as proximidades da sede do clube. Envolvido com o tal movimento, o Joaquim Ribeiro foi até a multidão e, em um palanque improvisado, disse para a multidão: "Como é para o bem de todos e felicidade maior do Confiança, o Confiança fica e a Fábrica sai, porque o Confiança não pertence mais à Fábrica, o Confiança agora é do povo".

Em 17 de fevereiro de 1957, o Confiança realiza um amistoso que marca o seu retorno ao futebol. E não poderia ter sido em momento tão oportuno. O time venceu o Bonsucesso Futebol Clube do Rio de Janeiro pelo placar de 3x1, realizando um feito não seu somente, mas também do futebol sergipano, pois essa foi a primeira vitória de um time sergipano sobre times cariocas.

Durante tempos brilhantes, o Confiança montou seu primeiro grande time, que para muitos foi o maior de todos os tempos. Formado por grandes jogadores que brilharam no futebol nacional e no exterior. Com esse time conquistou: o bicampeonato em 1962/63; sagrou-se vice-campeão da Zona Nordeste da Taça Brasil em 1964; campeão estadual e da Taça São Francisco em 1965 e campeão invicto em 1968. Vale destacar as brilhantes campanhas nas Taças Brasil de 63 e 64 e também as vitórias sobre os principais times do nordeste e até Bangu, que na época foi campeão carioca.


Esse senhor de 75 anos também teve outro grande time de sua história. Este time sagrou-se novamente bicampeão estadual 1976/77, e nesse ano, realizou a melhor campanha de um time sergipano em nacionais, chegando a decidir a liderança do grupo contra o Flamengo em pleno Maracanã. Desse time, vários destaques acabaram jogando nos principais clubes do futebol brasileiro.

Nos anos 80, assim como aconteceu em outros times, o Confiança sofreu com a falta de visibilidade, e foi desclassificado do campeonato brasileiro.

Durante dez anos, o Confiança enfrentou o maior jejum de títulos do time, entre 1990 e 2000, o time não levantou uma taça sequer. Em 2001, finalmente chegou ao fim, e em 2002, conquistou o bicampeonato estadual de forma invicta, repetindo o feito de 1968. Além de ter sido bicampeão sergipano realizou a melhor campanha de uma equipe sergipana de futebol em torneios nacional, chegando até a fase de quartas de final na Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Brasiliense. Dois anos depois, o time conquistou outro título sergipano, que veio com uma campanha praticamente impecável.

Hino do Confiança

Quem é o campeão dos campeões,
que no gramado mantém sua glória,
é a Desportiva Confiança,
dos operários tem o nome a vitória,
sua bandeira com alvi-anil,
sou Confiança em todo Brasil.
Tua luta continuará,
outras taças,
Iremos conquistar,
essa é a realidade,

quem foi rei sempre é majestade.

Títulos

Campeonato Sergipano

1951 1954 1962 1963 1965
1968 1976 1977 1983 1986
1988 1990 2000 2001 2002
2004 2008 2009

Copa Governador do Estado

2003 2005 2008

Taça São Francisco

1965

Campeonato Sergipano

Categoria Juniores:
2009
2010
2011
Sub-17:
2008
2009

Sub-15:
2010


Lania Ribeiro

Assistente social acredita que ajudar ao próximo é sua missão
Por Emily Lima


Há 22 anos trabalhando dia após dia para viabilizar mais dignidade a vida de moradores de Barra dos Coqueiros, a assistente social Lania Ribeiro, 43, é voluntária no centro comunitário sócio-cultural da cidade, local onde são desenvolvidos vários projetos com crianças, jovens, adolescentes e idosos. Lania dedica grande parte de sua vida a este projeto, pois além de trabalhar durante todos esses anos, ela diz que em alguns dias fica a trabalho durante 12 horas, entretanto trabalhar é uma realidade que já a acompanha há muito tempo.


Em sua adolescência, apesar de receber auxílio financeiro de seu pai, optou por trabalhar para realizar sua vontade de obter independência financeira e conquistar coisas das quais almejava. Lania passou a desenvolver trabalhos como vender roupas e doces feitos por ela mesma; e afirma que tais experiências foram muito proveitosas, pois, além do financeiro, o fato dos trabalhos realizados terem contato direto com pessoas, acabou lhe ensinando como lidar com elas. O que com o passar do tempo se revelou como um enorme prazer, influenciando na formação de sua personalidade.

Aos poucos essas características ficaram mais evidentes principalmente ao conhecer seu marido, foi nesta época que Lania se tornou voluntária do Centro Comunitário de Barra dos Coqueiros, uma vez que sua sogra já desenvolvia trabalhos no local. Como voluntária procurou ajudar de todas as maneiras possíveis, como: cursos de pintura, bordado, e culinária. A paixão pelo serviço comunitário aumentava a cada dia, o desejo de ajudar era cada vez mais evidente pra ela, foi quando resolveu buscar por uma formação que pudesse ajudar ainda mais a instituição.
Formou-se no curso de serviço social e tal formação lhe trouxe a oportunidade de fazer o projeto crescer, seu conhecimento e facilidade em lidar com ações que pudessem trazer novos cursos para o local e o aperfeiçoamento dos já existentes, possibilitaram o início de novos horizontes para instituição. A então, assistente social tornou-se gestora do projeto, desenvolvendo trabalhos voltados para diversas faixas etárias.

A diferença de idade dos participantes no projeto revela mais um traço da personalidade de Lania, sua preocupação em ver mantida uma boa estruturação familiar. A família é uma das coisas mais prezadas por ela, sua preocupação em desenvolver o respeito de uma geração por outra, foi o motivo de sua escolha por trabalhar com as diversas faixas etárias. “misturar as gerações da muito certo, pois assim é possível haver uma valorização humana, como o entendimento de que hoje sou criança ou jovem, mas futuramente serei idoso”. Declara Lania.

A assistente social tem a pretensão de promover uma rede de proteção familiar, este é seu foco, por isso a instituição além de promover reuniões de planejamento do familiar, tenta viabilizar a possibilidade de ter o filho, a mãe, os avós, todos no mesmo espaço, até mesmo trabalhando juntos, como no caso dos grupos folclóricos de reisado e samba de coco, onde avós e netos dançam juntos.

A busca por ver a comunidade de Barra dos Coqueiros bem, é notável, pois além de todos esses projetos, a assistente social buscou algo que pudesse ajudar ainda mais, não só os participantes de projetos, mas a população como um todo, então depois de dez anos de projetos, espera e tentativas, conseguiu criar a rádio comunitária, sendo a primeira do local. A idéia da rádio surgiu em uma reunião e era algo que ela nunca havia pensado, mas ao perceber a viabilidade de dar mais voz à população, e promover mais uma maneira de participação dos jovens, Lania lutou para conseguir criá-la, e hoje diz que a rádio foi um sonho realizado.

Apoio a comunidade fora do centro comunitário:

Tendo a facilidade em fazer amigos como mais uma qualidade atribuída, a assistente social conseguiu fazer com que através de suas amizades fosse possível notar mais uma vez o seu desejo em beneficiar as pessoas sempre que lhe é possível. A partir de alguns encontros profissionais com médicos, ela conseguiu estabelecer bons relacionamentos que resultaram em um novo jeito de ajudar a comunidade. A assistente social passou promover o encaminhamento de algumas pessoas para atendimento médico; ao vê-las a procurando, e passando por dificuldades, ela não hesitou e passou a auxiliar a alguns moradores sempre que possível.

Por todos esses motivos Lania é tida em sua cidade como um ponto de amparo a comunidade, por isso trabalha duro, no entanto ela diz que este é um trabalho que dar muito prazer e satisfação, declarações fáceis de serem confirmadas apenas ao vê-la super falante, e com sorriso aberto ao almoçar com todos os voluntários, ou ao vê-la sem conseguir conter as lágrimas ao revelar a alegria que tem em ver um jovem que já foi do Centro, empregado no mercado de trabalho.
O desejo de ajudar ao próximo parece ter vindo em seu DNA, pois a assistente social revela que se não tivesse essa formação, sua outra opção seria o curso de direito público, ela acredita que se doar ao outro é a sua missão e ela procura disseminar esse seu jeito “sempre digo aos meus filhos, fazei o bem sem olhar a quem”declara Lania Ribeiro.

Tobias Barreto

As polêmicas do gênio desconhecido


Por: Liliane Nascimento




Há 110 anos, quando Tobias Barreto já não era mais vivo, foi lançada a sua penúltima obra, intitulada “Polêmicas”. Organizado por Silvio Romero, o livro é encontrado com muita dificuldade e preservado, algumas vezes, entre exemplares raros. Mesmo não sendo uma obra biográfica, poucos títulos representariam a vida do sergipano melhor do que este. Enquanto viveu em Sergipe e na rápida passagem pela Bahia seu temperamento já causava algum alvoroço, mas foi em Pernambuco que vieram à tona as maiores genialidades e polêmicas, que não tiveram, nem uma nem outra, o devido reconhecimento.


Estão por todos os lados, são ruas, praças, teatros, escolas e até uma cidade chamada de Tobias Barreto. Se ele não fez nada importante por que tantas homenagens? E se fez por que se sabe tão pouco dele? Na verdade, é justo render-lhe respeito, ele revolucionou o direito sergipano, foi filósofo, jornalista, crítico literário, poeta e entre outras coisas esteve à frente da Escola do Recife, movimento cultural de ampla repercussão, que foi palco para algumas das mentes mais produtivas daquela época e desenvolveu temas como a abolição da escravatura.

Tobias Barreto x Castro Alves

No mesmo ano em que Tobias Barreto, matriculou-se na Faculdade de direito do Recife um jovem baiano de família rica, gestos finos, bonito e branco, como o sergipano não era, chamado Castro Alves. Ele e este rapaz, mesmo com muitas diferenças, tornaram-se amigos, defenderam-se e elogiaram-se publicamente. Até que na primeira desavença, incentivados pelos que queriam a disputa, tornaram-se rivais e mais tarde verdadeiros inimigos, trocando ofensas tão públicas quanto os louvores anteriores. Ofendido, o baiano chegou a prometer uma surra e um processo por injúria, mas acabou desistindo ou, como diziam alguns, enquanto Tobias arregaçava as mangas, Castro Alves preferiu não sujar os punhos de renda.

Para o filósofo a disputa tinha ganhado tons mais sérios, pois alguns entusiastas do poeta do condor reprovavam sua postura, antes de mais nada, por ser vaidade de um mulato contra um branco de boa família. A cor de Castro Alves só entrava em pauta porque o sergipano achava incoerente tanto pó-de-arroz e cuidado com a brancura em um homem que defendia os negros. “Ser poeta é mais alguma coisa do que andar (...) fingindo mágoas que não se sentem ou prazeres que não se gozam; é mais alguma coisa do que viver a beijar lábios de rosa. Ser poeta é sobretudo pensar...”. Para Tobias Barreto todas as causas eram contextuais e ele já notava que a dominação se fazia também quando ser belo e ser branco viravam sinônimos.

A cidade de Escada e Joaquim Nabuco

Depois de terminar a faculdade, o mulato mudou-se para a cidade de Escada (distante 63 quilômetros do Recife), onde se casou e protagonizou mais polêmicas, entre elas a que resultou na sua saída apressada da pequena cidade. Quando seu sogro faleceu, o sergipano ficou responsável por fazer a divisão dos bens entre os familiares e aproveitou a situação para libertar todos os escravos, inclusive os que não pertenciam a sua esposa, a confusão foi tão grande que ele teve, em alguns momentos, que resistir fisicamente aos que cercavam sua casa para prender os alforriados. A agitação continuou e, como os grandes proprietários da cidade não ficaram nada contentes, ele acabou retornando ao Recife, por motivos de segurança.

Em Escada ele se tornou ainda mais crítico e impaciente aos problemas sociais e criou inimizades novas e ainda mais públicas. Joaquim Nabuco era filho de uma das famílias mais tradicionais do país e deputado do Partido Liberal, eleito por Pernambuco; era abolicionista e monarquista e aí nasce a crítica. Tobias Barreto não podia aceitar que alguém argumente a favor da escravidão e apóie a monarquia, pois para ele, no Brasil, elas estavam mais do que fortemente ligadas, dependiam uma da outra. A história dá razão ao sergipano, a monarquia sobreviveu pouco mais de um ano após a libertação dos escravos.

O novo desafeto irritava-o em mais pontos: quando estava no Brasil defendia a indenização dos senhores de escravos, mas em solo inglês, longe da pressão dos proprietários, falava em libertação rápida e sem ressarcimento. Tobias Barreto era um homem de opiniões bem definidas e fazia da vida um exemplo de sua causa, por isso não via com bons olhos a incerteza de Nabuco. O mulato desaprovava a postura “aristocrática” e “superior” com que ele se apresentava no teatro ou em praça pública, dando segundo o próprio deputado “concertos de oratória”, que para o poeta pareciam incoerentes se considerada a situação humilde dos defendidos. Ofereceu-lhe então dúzias de sátiras, como o poema intitulado Dr. Joaquim Nabuco, de 1887:

Ó tu que vieste de Londres,
Com teu verbo eloquente,
A este povo beócio
Ensinar que negro é gente,
Falando de mão na ilharga
Qual figura de entremez,
Como quem dança a cachuca,
Ou quem bate o solo inglês,
O que dizes não tem senso,
O que escreves não tem suco:
És um cômico medíocre,
Não seja besta, Nabuco.

A igreja e Deus

Graças a alguns problemas com a igreja, no Maranhão, fez críticas tão duras à instituição e gerou tanta inimizade que o episódio rendeu ao historiador e memorialista maranhense Josué Montello um livro chamado A polêmica de Tobias Barreto e os padres do Maranhão. Um certo Padre Fonseca foi especialmente agraciado por ele em seus textos. “A raiz quadrada, da soma de todas as vacas, com que boli, de todas as cascavéis que assanhei, (...), é hoje o Padre Fonseca.”, Tobias Barreto não costumava ceder a pressões ou amansar o tom das suas críticas, em um poema cujo título é o nome do citado padre, diz não se importar com a crueldade da batina enfurecida contra ele e descreve o sacerdote como um “padreco” e uma “besta”.

Na verdade, nem Deus passou despercebido à crítica do autor de Dias e Noites que em seus primeiros versos já chamava a juventude a corrigir o “erro de Deus”. No soneto Ignoramibus, de cunho filosófico e considerado um dos mais belos do autor, ele revela uma técnica perfeita e, como não podia faltar, uma crítica aguda, dessa vez à divindade.

Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.

Dizem que o Cristo, o filho de Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!

Se os reis são sempre reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo.

Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio
Se o homem chora e continua escravo.
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...

Se é possível a um homem estar a frente do seu tempo, então Tobias Barreto estava. Diferente de outros abolicionistas ele reprovou a lei ventre livre e não comemorou a lei áurea, para ele a primeira lei podia até tirar da escravidão, mas gerava analfabetos obrigatórios e a segunda lhe parecia incompleta, pois era necessário muito mais do que o direito de ir e vir, era preciso integrar o escravo liberto à sociedade. Seja pela hegemonia dos padrões sulistas ou por seu temperamento nada fácil, ele foi esquecido pelos estudiosos e pelos seus conterrâneos, o que não apaga suas atuações fundamentais e a sua genialidade. No seu tempo, quando era cheio de admiradores e ainda assim solitário ele parecia prever o futuro, em um poema chamado Pressentimento, datado de 1868:

No pó que habito não terei as rosas,
As doces preces que os felizes têm;
Pobres ervinhas brotarão viçosas,
E o esquecimento brotará também.

Mitos e Verdades sobre "Seu Lunga"

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(Foto: Gustavo Pimentel)


Será que ele é ignorante mesmo? Quem é de fato este “cabra macho”?



Por Osmar Rios



É difícil encontrar uma pessoa que goste de cordel ou piada e não conheça “Seu Lunga”. Pelo nome às vezes não lembra, mas quando se diz “o velho mais ignorante do mundo”, aí sim, não resta mais nenhuma dúvida. Porém muitos não sabem que esta pessoa existe, e o pior, não é tão semelhante ao personagem criado. Ele recebeu o apelido de uma senhora, que era vizinha, e passou a chamá-lo de Calunga, que mais adiante se reduziu para Lunga. Mito e realidade serão explicados a partir de agora.

Nascido em Caririaçu e atualmente morando em Juazeiro do Norte, a terra do Padre Cícero Romão Batista – ambas da Região Metropolitana do Cariri, no Ceará – ele é também uma das figuras mais conhecidas da região. Joaquim Santos Rodrigues – este é o verdadeiro nome da lenda “Seu Lunga” – hoje tem 82 anos, 13 filhos e muita história para contar. Na verdade, Joaquim é, até hoje, suplantado pela fama do mito. Ele pouco tem a ver com esse personagem folclórico. Este cidadão deve ter proferido uns quatro ou cinco impropérios e deve ter protagonizado, no máximo, uns dez por cento das anedotas que lhe são atribuídas através do personagem.

Apesar disso, tornou-se um elemento do folclore nordestino, porque como ele mesmo diz: “Quando a canalha ruim implica com um, é uma desgraça”. E assim é que “Seu Lunga” tornou-se, por meio de histórias que lhe são atribuídas, certamente com o reforço da sua personalidade forte, de homem rude e mal-humorado, um personagem tão folclórico que muita gente não acredita na sua real existência, mas ele existe.

Ele já teve vários trabalhos, atualmente tem um comércio de sucata. Entretanto, lá aparece mais gente para conhecê-lo, tirar foto e pedir autógrafo, do que para comprar alguma coisa. Inclusive já tentaram várias vezes comprar o “ponto” dele, porém não tem quem consiga tirá-lo dali. Seu comércio virou um ponto turístico da cidade. Vem gente do país inteiro para conhecer a famosa ignorância do “Seu Lunga”.

O jornalista Tarcísio Mattos afirmou que, em sua coluna domincal “Aos Vivos”, no jornal “O Povo”, após fazer exame genético em mais de 20 espécies, Joaquim descende do jumento e não do macaco, contrariando Darwin, pela similitude das orelhas. E, no caso do personagem, o grau de parentesco é ainda maior, já que ele gosta de distribuir “patadas”. Basta fazer-lhe uma pergunta besta para receber o “coice”.

Por um lado, há quem diga que toda essa “fama” tem que ser agradecida por Joaquim. Caso contrário, dificilmente ele seria tão reconhecido e se destacaria na vida. Por outro, podemos dizer que o problema não está em falar dele ou criar um personagem a partir dele, mas sim, inventar coisas sobre ele – e sem autorização – faz com que as pessoas já acreditem que foi realmente “Lunga” quem falou ou fez aquilo. Ele deu até entrevista a uma emissora de TV, afiliada da Globo, e disse que está processando todos aqueles que fazem cordéis sobre ele. “Tudo que tem aí é mentira, eu não fiz nada disso”, explica Joaquim.

Um exemplo recente, no início de maio, foi que a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ/Ce) determinou que o cordelista Abraão Bezerra Batista (“Rouxinol do Rinaré”) não utilize mais a expressão “Seu Lunga” em publicações ou qualquer outra forma de divulgação. A decisão foi proferida em 09/05 e reformou sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara de Juazeiro do Norte.

Joaquim Santos Rodrigues afirma que teve a dignidade ferida, pois o cordelista fantasiou situações ao atribuir-lhe a prática de atos que nunca fez, contribuindo para consolidar a imagem negativa de “grosseirão dotado de incomum rudez” (Acompanhe na íntegra em: http://www.direitoce.com.br/noticias/49169/.html).

Ao final das contas, histórias pitorescas de “Seu Lunga”, como essas abaixo, correm o mundo. No nordeste brasileiro e em outras regiões do Brasil, surgem em torno do personagem os casos mais absurdos e mirabolantes – e todos são atribuídos a ele, como se de fato tivessem acontecido.




(Foto abaixo: culturanordestina.blogspot.com)

A Porca: Um sujeito foi até a loja do Seu Lunga e pediu uma porca sextavada de determinado tamanho e rosca, seu Lunga respondeu: - Procure naquela caixa. E o sujeito começou a procurar e no meio de tantas peças nada de ele conseguir achar a porca que ele queria; então exausto falou para Seu Lunga: - Seu Lunga, não consegui achar a porca... Indignado, Seu Lunga foi até a caixa, procurou a tal porca e a achou, então virou-se para o rapaz e respondeu: - Eu não te disse que a porca tava aqui, fi duma égua!!! E jogando a porca novamente na caixa e misturando com as outras peças diz: - Agora procura de novo direito que você acha!!!
Pescaria: Seu Lunga sai de casa com a vara de pescar e um cestinho em direção à lagoa quando seu vizinho passa e fala: - Indo pescar, Seu Lunga? E seu Lunga responde: - Não, tô indo jogar palitinhos (quebrando em palitinhos a vara de pescar).

A dor: Seu Lunga está preparado para dormir quando sua esposa, passando mal, reclamou: - Ô Lunga, meu véi, tá me dando uma coisa aqui...! - Então receba!!! - Mas... É uma coisa ruim!!! - Então devolva!!!

O filho: O filho do Seu Lunga jogava futebol em um clube local, e um dia Seu Lunga foi assistir a um jogo de seu filho no estádio, e o sujeito sentado ao lado pergunta: - Seu Lunga, qual dos jogadores ali é o seu filho. Seu Lunga aponta e diz: - é aquele ali... - Aquele qual? - Aquele ali!!!! - Não tô vendo... Então Seu Lunga "Puto da vida" pega uma pedra, joga em cima de seu filho e diz: - Pronto. É aquele ali que levou uma pedrada na cabeça!!!

O único que vi até hoje contar estórias de “Seu Lunga” e citar que nem tudo foi ele quem fez, mas diz que atribuem ele, é o humorista Adamastor Pitaco. Confira aqui algumas dessas histórias: http://www.youtube.com/watch?v=SyghSW7Oa5g&feature=related

No livro “Vaiando o Sol” – do jornalista Tarcísio Mattos – tem vários versinhos como esse abaixo, que ele afirma serem de autoria do próprio Joaquim.



“Cada cabeça tem um mundo,
Cada doido uma mania:
Me deito na terra quente,
Acordo na terra fria...
Peguei na perna da véia,
Pensando que era da fia.
Mas, perna de véia arranha,
E perna de moça é macia...”


Portanto, “Seu Lunga” existe, porém não com toda essa ignorância que lhe é atribuída. O apelido é até hoje usado por todos, porém Joaquim quer mesmo é ser visto como um grande poeta, pois disso ele se orgulha e muito. Ele faz poemas, discursos políticos, de aniversário e até de “uma criatura que morre”, como ele mesmo diz. Acompanhe neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=_4ZrPB0T5XM

Lidando bem com as segundas intenções

Por Vanessa Monteiro

Estudante de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, Wesley Pereira de Castro, 30 anos, aracajuano que desde os três anos mora em São Cristóvão, mais precisamente no bairro Eduardo Gomes. Ele sente orgulho da trajetória de vida que construiu para a formação do caráter e intelecto que possui. Em entrevista concedida ao Contexto Repórter A, apresenta fatos marcantes vivenciados por ele, nos mostrando através dessa sucinta biografia, que “a passagem do tempo”, nem sempre é vista como algo negativo, visto que, no transcorrer dos dias, aprendemos importantes lições de vida, amadurecemos, percebemos que nossas intenções iniciais em relação a um dado objetivo, talvez não sejam as mais importantes.
É imprescindível atentar que, à medida que um bebê se transforma em criança, adolescente e adulto, ocorrem mudanças marcantes no que é desejado e em como estes desejos são satisfeitos. As modificações nas formas de gratificação são os elementos básicos das fases do desenvolvimento do ser humano.
O pai da psicanálise Sigmund Freud, falava que aproximadamente entre três a seis anos, a criança entra na “fase fálica”, onde focaliza as áreas genitais do corpo, esse também é o período em que uma criança se dá conta do próprio pênis ou da falta de um. É a primeira fase em que as crianças tornam-se conscientes das diferenças sexuais.

Memórias da infância
“O que lembro da minha infância é a partir dos três anos quando vim morar em São Cristóvão, no bairro Eduardo Gomes. Nessa época entre os três a quatro anos já existia em mim uma vontade imensa de estudar, pois a minha irmã mais velha e minha mãe me ensinaram a ler e escrever em casa mesmo e eu queria ir para escola, mas nessa época para entrar na escola pública as crianças tinham que ter sete anos. Por diversas vezes fui nas escolas com minha irmã mais velha e as diretoras não permitiam minha matrícula.
Meu sonho de infância era ter os livros de português, matemática, estudos sociais e ciências. Recordo que minhas primeiras experiências sexuais com as meninas de 14 anos da minha rua, foram justamente por isso, elas pediam para eu fazer coisas estranhas, a exemplo de pedir para eu colocar uma “coisinha pequena” dentro de um “buraco grande”, para em troca eu ganhar algum desses livros. Uma vez a minha mãe descobriu e naquele momento aconteceu a minha primeira grande “frustração sexual prostituída da infância”, pois fui obrigado a devolver o livro que eu traguei com todo meu esforço erótico e isso me entristeceu.
Quando completei sete anos, consegui ser matriculado, e na primeira semana de aula a Profª Verileine percebeu que eu já estava avançado, aplicou uma prova e uma semana depois eu já estava na segunda série. Eu tinha um distúrbio vocal, minha voz era muito fina e por conta disso os meninos me chamavam pelo apelido de “Chalala”, daí inventei que tinha engolido um grilo que ficou preso na minha garganta para justificar que foi ele que me fez ficar com a voz fina.
A minha mãe durante esse período trabalhava em um emprego que a fazia dormir dois dias no trabalho e um dia em casa, por influência disso e me tornei um menino revoltado, as pessoas mangavam muito de mim. Daí eu jogava pedra em todo mundo, escarrava na prova de religião, chutava a barriga das professoras grávidas, comia picolé do chão por não ter dinheiro para comprar, eu pedia picolé para as meninas e como elas não me davam eu tomava a força. Ou seja, fiz tantas barbaridades que apesar de tirar notas altíssimas na escola, aos dez anos de idade eu fui reprovado e expulso do meu primeiro colégio.”

Trauma de Sexo
“Desde pequeno eu já tinha um grande interesse por filmes e durante toda minha infância não havia televisão na minha casa, pois só foi comprada quando eu tinha 11 anos. Então, quando eu queria assistir o seriado “Tarzan” que passava no SBT, ia para a casa de um vizinho, só que aí ele começava a colocar o pênis para fora e pedia que eu o masturbasse.
Eu como criança de cinco anos, achava que era normal, queria ver o Tarzan e o seriado demorava a começar; eu estava na “fase fálica freudiana” e terminei por relevar. Só que teve um dia que ele tentou forçar uma penetração anal e eu fiquei com muito medo, chorei muito. Lembro que a irmã dele, Débora, apareceu e ele começou a explicar que tinha uma cobra no chão e que esse era o motivo pelo qual eu estava chorando tanto. Isso gerou em mim um tabu na prática do sexo penetrativo.
Para reforçar meu trauma o homem que tentou me estuprar foi assassinado três meses após ter feito isso comigo, e como a minha mãe era amiga da família dele eu tive que ir ao enterro, mas eu não podia contar a ninguém o que aconteceu e só agora eu estou contando esse acontecimento, pois o maior medo que eu tenho até hoje é falar isso para minha mãe e ela se sentir culpada e achar que foi uma mãe ausente, devido ao fato dela trabalhar fora de casa. Só para constar, é através do Contexto Repórter A que venho trazer esse fato a público.”

Sexualidade como pecado na pré-adolescência
“Em minha pré-adolescência após os 11 anos, a sexualidade foi transformada em pecado, pois fui obrigado a freqüentar a igreja católica todos os domingos, depois comecei a decorar os dez mandamentos e descobri que existia um oitavo mandamento chamado “Não Pecar Contra a Castidade”. Como eu não sabia o que era castidade, fui conversar com o padre para saber o que era a castidade e ele não entendeu quando falei que já havia pecado contra a castidade desde os cinco anos.
A partir daquele momento, admiti que aquilo era um pecado violento e me tornei um fanático religioso, sendo que para evitar qualquer contato de abuso, eu só saia de casa para ir a escola. Nessa época, em 1992, foi quando chegou a primeira televisão em minha casa e com ela a nova descoberta que eu tinha uma apreciação cultural diferente dos outros jovens e como eu não saia, exceto para ir a escola, passava a madrugada assistindo filmes existencialistas, tristes e infelizes.”

Aprimoramentos intelectuais
“Não gostei da minha infância, mas da adolescência gosto bastante, mesmo forçado a ser virgem até os 19 anos e ver isso como uma coisa positiva, também tendo que olhar a sexualidade como um pecado, a minha aceitação dessa fase é bastante positiva. Naquela época, apesar de ter uma aversão justificada em andar com pessoas, percebi que, por mais peralta e bandalheiro que eu fosse, elas realçavam que eu era inteligente, esforçado. Por esses e outros fatores fui acreditando que era inteligente, e devido ao meu isolamento comecei a nutrir um grande interesse por curiosidades intelectuais, sabia línguas que nem sempre eram interessantes ao foco estudantil, a exemplo de decorar ficha técnica de filmes, ou seja, minha pré-adolescência e a adolescência efetiva, foram baseadas no aprimoramento dos meus dotes intelectuais que até hoje me define como pessoa.”

A liberdade de expressão através da República Gomorra
“Aos 19 anos quando ingressei na faculdade fui confrontado com pessoas esquisitas, até mais estranhas que eu e daí comecei a ficar mais solto nos relacionamentos interpessoais.
Em relação aos preconceitos, sofri muito com isso quando era criança e por motivo errado, devido a minha voz fina e digo com plena certeza que eu não sou gay e isso não me define. Eu não assumo nenhuma bandeira específica, sou extremamente aberto, pansexual. Apenas gosto de pessoas e a minha graça está em não saber o que sou e ser assim mesmo.
É interessante falar da república gomorra, pois eu vim de um ambiente de repressão religiosa voluntária e comecei a andar com pessoas que são libertinas em proposta e eles se definiam como pessoas que fazem tudo que querem. Na Gomorra aconteciam as coisas mais bizarra que se pode imaginar, quase igual à cidade bíblica do pecado Gomorra. E lá fui aceito como uma espécie de patrono, eu podia fazer tudo e na hora que eu quisesse.”

Família e sexualidade
“Não conheço o meu pai e a única informação que minha mãe me forneceu é que meu irmão mais novo de 28 anos e eu temos o mesmo pai. Inclusive o relacionamento entre nós dois é bem pacífico, e como não tenho relacionamentos. Para ele isso é irrelevante, mas acho que ele desconfia. Além desse irmão tenho mais uma irmã de 47 anos, mas nosso relacionamento é ruim e outro irmão de 44 anos, nós já tivemos brigas violentas, mas hoje ambos adultos não tocamos mais no assunto.
No tocante a minha mãe, como passou muito tempo trabalhando fora de casa, nosso relacionamento era um pouco distante, mas agora que eu estou trabalhando efetivado na Universidade Federal de Sergipe, ela saiu do emprego e agora está aposentada. Então hoje nós estamos muito próximos, ela é uma grande amiga, temos um relacionamento entre mãe e filho criança e nos abraçamos o tempo todo.”

Paixões
“Cronologicamente a grande paixão da minha vida é minha mãe, a amo incondicionalmente enquanto pessoa, em segundo minha outra paixão é o cinema e acho ser impossível falar sobre Wesley, sem ter cinema no meio, depois tem a grande quantidade de livros que leio e isso vem em decorrência do cinema que é a sétima arte e carrega dentro dela as seis artes anteriores que são: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura. Em decorrência disso vem minha paixão pelas artes.
A religião foi outro grande destaque em minha vida, mas como essa passagem pela religião não foi muito pacífica. Hoje eu a trato como a paixão pela liberdade, e se Deus não existir de uma hora para outra, não me arrependerei, pois o que faço hoje, é tudo que faria se Ele não existisse. E como todo mandamento básico, gosto das pessoas como elas são.
Em relação ao DAA – Departamento de Assuntos Acadêmicos, meu ambiente de trabalho é excelente, ali é um ótimo lugar para a experimentação da comunicação social. O relacionamento interpessoal é muito bom, gosto bastante de todos e são pessoas absolutamente abertas. Eu só não posso mais pintar as unhas.”

Experiência de vida x sonhos
“Na universidade achei interessante eu ter sobrevivido a esse universo de pessoas e ainda consegui adquirir méritos de honra independente do contexto social que eu vivo e isso foi muito singular.
Gosto de tudo que tenho e consegui, apesar de todas as graduações que possuo, (Radialismo, Engenharia de Alimentos e Filosofia), acredito que hoje no curso de Jornalismo estou encontrando meu pontencial.
Quando digo que deixei de ter sonhos, quero dizer que prefiro ater-me ao presente, não me deixar levar por ilusões cada vez mais impraticáveis, ao menos num cotejo contextual com as oportunidades de amadurecimento "societal" que não me foram oferecidas ao longo de minha vivência. Fator esse que, obviamente, não implica em dizer que eu seja um desiludido por completo, só acredito que, mais importante do que conquistar novas "riquezas", preciso conservar e/ou manter aquelas que já adquiri até hoje. Venhamos e convenhamos, isto é mais difícil. Ou não é?”


Nota: As imagens postadas na matéria, foram extraídas do acervo cultural de Wesley de Castro.

5 de jun. de 2011

"Meu nome é trabalho"

Bainana de 72 anos recusa-se a deixar de ser empreendedora.


Por Victor Limeira

Terminologia comumente empregada para adjetivar homens, “Workaholic” (que em português significa viciado (a) em trabalho) é a melhor expressão para definir a baiana de Feira de Santana, que, aos 72 anos e sem nenhuma necessidade financeira, trabalha todos os dias e ainda "inventa" novas atividades.

Dona Ana Maria Dórea Limeiraseria uma mulher comum se toda sua história tivesse se passado nos dias de hoje. Freqüentemente a TV aborda a vida de mulheres que se dividem entre marido, filhos e profissão, que são chefes de família e têm destaque no mercado de trabalho. Mas viver isso há 50 anos em uma sociedade altamente machista e preconceituosa era impensável.

Hoje ela não acorda cedo, nem tem uma rotina planejada. Hoje precisa se dividir entre trabalho e consultas médicas, embora a saúde muitas vezes fique em segundo plano. Sem horários e com uma organização que ela entende , é impressionante vê-la cumprir todas as tarefas até o final do dia. Não sabe dirigir, mas já perdeu a conta de quantos motoristas teve ao longo da vida. “Eu pago salário, pago hora extra, mas eles não suportam o meu pique”.

Vendedora nata, persuasiva e bem articulada., desde muito nova teve sua vida atrelada ao comércio. Dona Ana foi criada pela sua avó, “Dona Nininha” em uma casa humilde, mas onde nada lhe faltava. Do legado da matriarca, o que ficou de mais importante foi o exemplo de uma senhora que não dependia da figura masculina para viver, “Dona Nininha” fazia doces e sabão para vender para os vizinhos e Ana já ajudava.

Há 50 anos, Dona Ana casou-se com um pernambucano retirante da seca, José Limeira da Silva, com quem vive até os dias de hoje. Juntos tiveram seis filhos, do mais velho para o mais novo, uma diferença de menos de 10 anos. “Não parei de trabalhar durante as gestações, gravidez não é doença”. Muitas mulheres se acomodariam diante dessa situação, mas ter seis crianças que dependiam diretamente dela para viver, fez crescer a sua sede por trabalho.

Durante muito tempo teve lojas no centro da cidade, principalmente de calçados, mas também vendeu roupas e acessórios. Vendia, administrava, negociava com representantes, viajava para fazer compras em São Paulo e Caruaru (PE). Estudou somente até o ensino médio, por que naquela época a educação não era tão importante como nos dias de hoje.Contudo, domina as principais operaões matemáticas, porcentagem, juros e, principalmente, os lucros. Não conhece todas as fórmulas, por isso faz uso da dedução e da lógica para fazer os cálculos.

Seu marido a ajudou bastante e toda renda extra que juntavam, sobretudo no São João e no Natal, era destinado para á compra de imóveis, a fim de garantir a aposentadoria e o futuro dos seus filhos. O centro comercial cresceu muito e o número de lojas multiplicou-se, então o comércio não dava mais lucros como antigamente e os filhos também não queriam que a mãe continuasse com a loja, argumentavam que ela já estava cansada e deveria então desfrutar os louros dos anos de trabalho.

Dona Ana Maria então fechou a sua loja, mas isso não significava que ela estava se aposentando. Muito pelo contrário, apesar de não saber cozinhar e nunca ter desenvolvido nenhuma atividade nesse setor, montou uma fábrica de bolos caseiros, trabalhava sob encomendas e também para vender no interior. Em paralelo a essa atividade levava no fundo do carro o restante da mercadoria que sobrou de sua loja para não sair no prejuízo.

Anos depois, ainda no segmento alimentício, ela abriu um restaurante popular, para servir PF (Prato Feito) e "'a la carte", seu estabelecimento servia café da manhã, almoço, lanches e café noturno. O funcionamento do restaurante era ainda mais desgastante do que a da loja, pois abria mais cedo e fechava mais tarde. Além do que é era uma atividade que ela não dominava plenamente, então dependia diretamente de outras pessoas. Resolveu então arrendar o empreendimento para outra pessoa administrar.


Celebração para comemorar os 50 de anos de casados, entre amigos e familiares (arquivo pessoal)

Mas ficar parada, literalmente, não combina com uma “workaholic”. Há alguns anos ela conheceu uum aromatizante de interiores, à base de fragâncias naturais com propriedades terapêuticas. Visionária, comprou a ideia e pediu ajuda a seus filhos para realizarem a produção. " Não consigo ficar parada, meu nome é trabalho".

Contrataram um químico, construíram laboratório, formaram equipe de marketing e vendas. Hoje continua trabalhando no seu empreendimento, fornece o seu produto para grandes empresas locais, casas, consultórios médicos e lojas, tem uma equipe de vendas no interior e em outros estados como o Rio Grande do Norte e Pernambuco. Além disso recebe também pelos aluguéis dos imóveis que construiu ao longo de sua vida.

Reconhece os efeitos do tempo e diz não ter mais o mesmo fôlego de antes, mas não se considera incapaz simplesmente por ser mais velha. Reclama das dores nas pernas e também dos excessos de feriados, conhece os clientes pelo nome e fez a maioria dos seus amigos no trabalho. Não vende mais “fiado” sem conhecer a pessoa e diz que o mundo está mais desonesto.

Não precisa mais trabalhar, mas não vê sentido em ficar em casa esperando o tempo passar. Quando indagada sobre quando vai finalmente se aposentar, é categórica: “Não pretendo parar de trabalhar, eu gosto disso, é o que eu sei fazer, posso não precisar mais do dinheiro para viver, mas ele me ajuda nas despesas, preciso ajudar meus filhos a criarem meus netos e farei isso até quando tiver forças”.