Por: Egicyane Lisboa Farias
Em volta à vegetação da caatinga, mora Josefa Maria da Silva Santos, aposentada, analfabeta e parteira, uma espécie de matriarca da região. Conhecida como Zefa da Guia, por causa do nome da serra onde mora com mais 72 famílias fica a comunidade quilombola.
Para se chegar à comunidade é preciso percorrer 180 quilômetros, distância de Aracaju até a cidade de Poço Redondo, e mais 45 minutos de estrada de terra batida, passando por um povoado, um assentamento, fazendas e pequenos ranchos. Ao longe se avista uma casinha amarela no pé da Serra da Guia, localizada no Complexo da Serra Negra, que se estende por Canindé de São Francisco, Poço Redondo e Pedro Alexandre (Bahia).
Josefa nasceu em 15 de setembro de 1944, em um povoado de Poço Redondo chamado Risada. É a caçula de sete irmãos, filha de agricultores. A mãe trabalhava também como louceira e costureira para aumentar a renda familiar e ainda exercia a função de parteira. Sua simplicidade deixar transparecer a intensidade de sua trajetória como parteira e os seus anos de estrada.
Para se chegar à comunidade é preciso percorrer 180 quilômetros, distância de Aracaju até a cidade de Poço Redondo, e mais 45 minutos de estrada de terra batida, passando por um povoado, um assentamento, fazendas e pequenos ranchos. Ao longe se avista uma casinha amarela no pé da Serra da Guia, localizada no Complexo da Serra Negra, que se estende por Canindé de São Francisco, Poço Redondo e Pedro Alexandre (Bahia).
Josefa nasceu em 15 de setembro de 1944, em um povoado de Poço Redondo chamado Risada. É a caçula de sete irmãos, filha de agricultores. A mãe trabalhava também como louceira e costureira para aumentar a renda familiar e ainda exercia a função de parteira. Sua simplicidade deixar transparecer a intensidade de sua trajetória como parteira e os seus anos de estrada.
DESCOBERTA DE UM DOM
Ainda adolescente, aprende a prática no improviso da necessidade. Os partos que realiza ajudam diversas mulheres que não podem chegar ao atendimento hospitalar. Sua primeira percepção da atividade que queria exercer foi aos 11 anos de idade, quando uma parteira responsável pelo parto da esposa de seu tio se embriagou, ficando impossibilitada de realizar o parto. Josefa assumiu a tarefa. Como sempre foi muito observadora e cuidadosa não encontrou dificuldades na realização do parto. Desde então, sentiu que deveria ajudar mulheres a dar à luz, e vem realizando partos, tanto na própria comunidade quanto nas cidades vizinhas. Esse dom de parteira não teve nenhum aprendizado formal, institucionalizado, o que não diminui a importância do seu trabalho.
Ainda adolescente, aprende a prática no improviso da necessidade. Os partos que realiza ajudam diversas mulheres que não podem chegar ao atendimento hospitalar. Sua primeira percepção da atividade que queria exercer foi aos 11 anos de idade, quando uma parteira responsável pelo parto da esposa de seu tio se embriagou, ficando impossibilitada de realizar o parto. Josefa assumiu a tarefa. Como sempre foi muito observadora e cuidadosa não encontrou dificuldades na realização do parto. Desde então, sentiu que deveria ajudar mulheres a dar à luz, e vem realizando partos, tanto na própria comunidade quanto nas cidades vizinhas. Esse dom de parteira não teve nenhum aprendizado formal, institucionalizado, o que não diminui a importância do seu trabalho.
Quando Dona Zefa iniciou como parteira morava em barraco de taipa coberto de palha de licuri. As parturientes geralmente tinham os filhos em cama feita com vara, da mesma forma em que ela também teve os seus. E embaixo da cama colocava uma cuia para aparar os “restos de partos” e se utilizava de uma tesoura para finalizar. Além de auxiliar o nascimento, Zefa abastece a casa da parturiente de tudo que é necessário e, se falta alimento, tira do seu próprio sustento. Ajudando no cuidado com a criança, assiste à mãe após o parto, observando sintomas e orientando sobre registro de nascimento e vacinações.
Várias crianças vieram ao mundo por suas mãos, sem alardes e sem problemas.Só em uma mulher realizou 24 partos, todos bem sucedidos. Até hoje contabiliza cinco mil partos. Em algumas regiões, para atender o chamado costumava ir a pé, a cavalo, em pequenas embarcações, por estradas, por rios ou no meio da mata. Mas Dona Zefa também é uma mãe de cinco filhos criados, oito gerados, sendo que trê já falecido, 18 adotivos, 36 netos, seis bisnetos e 2.800 afilhados batizados na igreja. Sem grandes pretensões econômicas, doa seu tempo à mulher na hora do parto. Está ali cumprindo sua missão e a mãe é o centro das atenções. Seu tempo livremente dedicado ao parto e com sua sabedoria inata, não tem pressa, pois sabe que é prudente observar a natureza e deixá agir. É confidente, humilde, corajosa, paciente, compreensiva e amorosa.
FÉ E DEVOÇÃO
Além de parteira acumula também a função de rezadeira, recebendo diariamente pessoas de várias idades e regiões que vão em busca de suas rezas. Benzedeira de mão cheia, tem remédio pra tudo, domina ervas e orações. Com um espaço próprio para este fim, agregado à casa, Dona Zefa aplica aos enfermos palavras de conforto. Compenetrada, geralmente soma as palavras aos movimentos com as mãos, fazendo sinal da cruz sobre o paciente. Algumas rezas são ditas em voz alta, outras, apenas balbuciar dos lábios. Em alguns casos as rezas são acompanhadas de um receituário no qual são aconselhados chás, banhos, garrafadas, defumadores, pagamentos de promessas e advertência sobre o que pode ou não fazer no período de tratamento.
No ultimo sábado do mês de novembro, todos os anos é realizada a novena para Padre Cícero Romão, “meu Padim Pade Ciço”, como assim o chama. Instalou um santuário especialmente para a realização das novenas na sua casa. A sua devoção é tão grande que há 33 anos viaja para Juazeiro do Norte-(CE) para a romaria que é realizada no mês de janeiro. A organização das festas religiosas da Serra da Guia fica por conta dela, contando com o apoio de alguns moradores antigos da comunidade.
Mas Dona Zefa também tem sua própria novena, que ocorre à 30 anos, dia 3 de maio, no topo da serra. A festa da promessa, que assim é denominada por ser resultado de uma graça alcançada pela própria, irradiada para os demais moradores da comunidade Serra da Guia, atraindo também diversas pessoas, que gravam esse acontecimento e levam para as suas cidades. Após nove dias de novena ocorre a procissão até o topo da Serra às 3 horas da tarde. O acesso não é nada fácil, pois o trajeto é cheio de cactos e o terreno é íngreme. Mesmo assim as pessoas sobem levando pedras em sinal de sacrifício. Religiosa, a parteira prefere não revelar o motivo da sua promessa.
LÍDER COMUNITÁRIA
Dona Zefa como se fosse pouco, ainda atua como líder comunitária, orientando seu povo na labuta do dia-a-dia, ela se faz ouvida e luta para que as reivindicações da sua comunidade sejam colocadas em prática e não fiquem apenas no discurso.
Sempre com seu jeito humilde, diz que todos querem saúde, paz e amor. Pede sempre que se ajudem, para que a sociedade seja sem violência e com felicidade. Por realizar tanto por sua gente, é chamada por “Madrinha Zefa”, “Dona Zefa”, “Mãe Zefa” “Vó Zefa” e outros nomes carinhosos. Já conseguiu que chegasse energia elétrica na comunidade quilombola e está lutando por água encanada. Realiza leilões para arrecadar fundos e ajudar os mais necessitados e busca implantar projetos para que os moradores do quilombo tenha condições de ter sua própria renda e não ficar dependente de benefícios do governo.
Mantém também a preservação da vegetação nativa da Serra da Guia, está lutando para que se torne reserva ambiental. Dois de seus afilhados, João Batista de Jesus e Gildo Alves dos Santos, que moram na comunidade, são responsáveis pela fiscalização e guias turísticos para os que querem conhecer a Serra da Guia.
TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO
Além de parteira acumula também a função de rezadeira, recebendo diariamente pessoas de várias idades e regiões que vão em busca de suas rezas. Benzedeira de mão cheia, tem remédio pra tudo, domina ervas e orações. Com um espaço próprio para este fim, agregado à casa, Dona Zefa aplica aos enfermos palavras de conforto. Compenetrada, geralmente soma as palavras aos movimentos com as mãos, fazendo sinal da cruz sobre o paciente. Algumas rezas são ditas em voz alta, outras, apenas balbuciar dos lábios. Em alguns casos as rezas são acompanhadas de um receituário no qual são aconselhados chás, banhos, garrafadas, defumadores, pagamentos de promessas e advertência sobre o que pode ou não fazer no período de tratamento.
No ultimo sábado do mês de novembro, todos os anos é realizada a novena para Padre Cícero Romão, “meu Padim Pade Ciço”, como assim o chama. Instalou um santuário especialmente para a realização das novenas na sua casa. A sua devoção é tão grande que há 33 anos viaja para Juazeiro do Norte-(CE) para a romaria que é realizada no mês de janeiro. A organização das festas religiosas da Serra da Guia fica por conta dela, contando com o apoio de alguns moradores antigos da comunidade.
Mas Dona Zefa também tem sua própria novena, que ocorre à 30 anos, dia 3 de maio, no topo da serra. A festa da promessa, que assim é denominada por ser resultado de uma graça alcançada pela própria, irradiada para os demais moradores da comunidade Serra da Guia, atraindo também diversas pessoas, que gravam esse acontecimento e levam para as suas cidades. Após nove dias de novena ocorre a procissão até o topo da Serra às 3 horas da tarde. O acesso não é nada fácil, pois o trajeto é cheio de cactos e o terreno é íngreme. Mesmo assim as pessoas sobem levando pedras em sinal de sacrifício. Religiosa, a parteira prefere não revelar o motivo da sua promessa.
LÍDER COMUNITÁRIA
Dona Zefa como se fosse pouco, ainda atua como líder comunitária, orientando seu povo na labuta do dia-a-dia, ela se faz ouvida e luta para que as reivindicações da sua comunidade sejam colocadas em prática e não fiquem apenas no discurso.
Sempre com seu jeito humilde, diz que todos querem saúde, paz e amor. Pede sempre que se ajudem, para que a sociedade seja sem violência e com felicidade. Por realizar tanto por sua gente, é chamada por “Madrinha Zefa”, “Dona Zefa”, “Mãe Zefa” “Vó Zefa” e outros nomes carinhosos. Já conseguiu que chegasse energia elétrica na comunidade quilombola e está lutando por água encanada. Realiza leilões para arrecadar fundos e ajudar os mais necessitados e busca implantar projetos para que os moradores do quilombo tenha condições de ter sua própria renda e não ficar dependente de benefícios do governo.
Mantém também a preservação da vegetação nativa da Serra da Guia, está lutando para que se torne reserva ambiental. Dois de seus afilhados, João Batista de Jesus e Gildo Alves dos Santos, que moram na comunidade, são responsáveis pela fiscalização e guias turísticos para os que querem conhecer a Serra da Guia.
TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO
Zefa da Guia viaja por todo Brasil realizando palestras para médicos conceituados, enfermeiras e obstretas. E esse trabalho se dá por uma iniciativa do atual Prefeito Frei Enoque, que a apresentou para as unidades de saúde do Estado. Em uma dessas viagens conheceu um casal que viaja de bicicleta pelo Brasil. Eles saíram de Goiana até Poço Redondo para visitá e estavam hospedados em sua casa no momento da entrevista.
Até hoje seu conhecimento não foi passado para ninguém. Nenhum dos seus filhos ou afilhados se interessaram pelo oficio e isso a entristece, pois, acredita que através do saber transmitido se manteria viva. Esse saber é importante porque mesmo em meio à grande tecnologia seu conhecimento pode salvar vidas em casos complicados ou em ocasiões em que não dê tempo de chegar até o hospital. Através do oficio de aparar criancas, Dona Zefa segurou em suas mãos cerca de duas gerações. A história da vida desse personagem, associada com a de sua família e amigos, representa um quadro sobre a formação da Serra da Guia e de Poço Redondo de maneira geral.
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