16 de set. de 2013

Muito além das cortinas

Conheça a situação atual do teatro sergipano e os seus recursos financeiros.

Ediê Reis e Silvânio Junior

Palco do Teatro Tobias Barreto recebendo a peça ‘O Mágico de Oz’, em produção da Nossa Escola. Foto: André Teixeira.

O Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, realiza repasses de recursos financeiros para apoio à produção cultural de diversos segmentos em todo o país. Para conseguir esse tipo de ajuda, é necessário que os interessados fiquem atentos ao lançamento de editais promovidos pela Secretaria de Cultura de cada região.
Em Sergipe, o total conveniado entre o órgão federal e os municípios é de R$ 38.194.259,49 reais compreendidos entre os períodos de Janeiro de 1996 a Setembro de 2013. Os dados são do portal da transparência do Governo Federal. Das 30 cidades sergipanas que solicitaram o apoio, Aracaju lidera o ranking com o recebimento de R$ 30.884.110,41, como mostra o gráfico abaixo. Só este ano já foram liberados quase 3 milhões de reais em convênios para a capital.

Os recursos são solicitados para a execução de várias ações que visam o fomento e valorização da cultura. Criação de sedes próprias, urbanização de praças, revitalização de projetos arquitetônicos, implantação de oficinas de capacitação cultural entre outros, estão inseridos nesses convênios.
Além disso, existem os editais que são abertos para o apoio direto às manifestações culturais como oficinas culturais, intercâmbio e difusão cultural, produção de obras audiovisuais, ocupação de espaços cênicos etc. Entre os projetos contemplados, o teatro aparece com uma frequência menor em relação às outras artes. Para 2013, por exemplo, até o momento existem apenas dois editais para essa área.
O teatro é uma arte que trabalha com a dedicação de pessoas que expõem seu talento nos palcos. Ele envolve a emoção e o sentimento, tanto de quem faz, quanto da plateia. Os palcos representam também uma forma de transmissão de conhecimento e, principalmente, de valores culturais. Diante de tanta importância que essa modalidade cultural apresenta, nada mais justo do que haver uma maior valorização da mesma. Existem grupos teatrais de muita expressão e notoriedade no cenário sergipano, mas isso por si só não garante a sobrevivência dessas pessoas. É comum ver atores e atrizes que se desdobram entre os palcos e a manutenção de suas vidas pessoais encarando outros tipos de profissão. Ainda é muito difícil viver apenas da arte por aqui.
Apresentação do Grupo Mafuá no Mercado Thales Ferraz durante a I Virada Cultural de Aracaju. Foto: André Teixeira.
Para tentar buscar melhorias para a classe, o Sindicato dos Artistas e Técnicos do Entretenimento de Sergipe (Sated/Se) travam uma árdua batalha em prol de um desenvolvimento profissional. Almejar condições de trabalho mais favoráveis e um maior desdobramento dos recursos financeiros advindos do Governo Federal estão sempre em pauta.
Em entrevista, o presidente do Sated/SE Ivo Adnil Silva, relata algumas das suas reivindicações: “É preciso que tenhamos mais oportunidades junto às autoridades. As secretarias estaduais deveriam olhar com mais vigor para as nossas mazelas. Sergipe é um berço de cultura e respira arte. O teatro não fica por baixo. É arte na sua essência e é extremamente vital para nós que a valorização aconteça.”.
Sobre os projetos existentes de incentivo e apoio a atividade teatral, Ivo Adnil destaca a criação e ampliação do número de oficinas para atores no interior (além da capital) do Estado e a realização de cursos técnicos em sonorização e iluminação cênicas. Ele informa que é de extrema importância que exista uma aliança entre os órgãos públicos e essas medidas de incentivo.
Ivo menciona ainda que alguns editais não são favoráveis aos artistas de teatro e a liberação de recursos é, por muitas vezes, direcionada demais para uma relação tão vasta que o teatro tem com quem o faz. “Às vezes alguns editais são lançados para festivais de teatro ou ocupação do espaço cênico, porém é importante ressaltar que para que os artistas possam se apresentar com maestria e competir de igual pra igual, toda uma preparação é necessária. Muitas vezes não conseguimos um ambiente saudável para os ensaios ou preparação dos grupos, salvo uns ou outros grupos consolidados que possuem suas sedes próprias.”, afirma.
Ivo conta ainda que faz solicitações junto ao governo e a Secretaria de Cultura para que hajam mais investimento na arte como um todo. Isso engloba tanto a criação de sede, quanto a construção de um teatro: “Sou favorável à criação de um Teatro Municipal de Aracaju. Dessa forma, os artistas sergipanos conseguiriam expor seu talento sem se preocupar com licitações ou contratos. Viveriam de fomentar sua arte e seria mais um ponto positivo até para o turismo da cidade. Apesar de que para nós, qualquer espaço vira palco. Quem gosta de verdade do que faz só busca o melhor”, relata.
A todo o momento, através das redes sociais, os representantes dos artistas de teatro fazem reivindicações e lembram a todo o momento que a cultura é primordial. Em conexão direta com o povo, Ivo e os outros integrantes fazem-se notados.

“Acredito muito que esse quadro está prestes a mudar. Os repasses do Ministério da Cultura vão fazer jus a todos os segmentos culturais. Amparados pela secretaria de Cultura de Sergipe, vamos colocando o teatro no rol dos contemplados e melhor ainda, vamos permitir que essa arte ganhe ainda mais força. Estamos aqui pra isso. Para lutar, expor o que de melhor temos por aqui e principalmente, jamais permitiremos que as cortinas se fechem.” Desabafa Ivo Adnil.

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