Nos últimos dois meses, o número 500 tem marcado uma sequência de eventos, artigos e matérias jornalísticas que rememoram a publicação de um clássico da literatura europeia exportada para todo o mundo ocidental: o livro Utopia, escrito em latim pelo advogado humanista e católico inglês Thomas More e publicado em 1516, em Louvain, na Bélgica. Conta-se que ele vivia exilado porque havia sido condenado à morte por se opor à Reforma Protestante. A agora clássica obra conta a história de uma sociedade imaginária através da narração de um navegante português que descobrira uma ilha chamada Utopia, que não constava de nenhum mapa geográfico conhecido até então.
O nome da ilha – cujas leis, governança e condições sociais eram perfeitas – foi inventado pelo escritor a partir de três partículas gregas que, encadeadas, significavam “o que está em lugar algum” (ou em um “não-lugar”). “Não foi o primeiro texto sobre um ideal utópico, mas inaugurou uma tradição de obras publicadas à luz de uma génese comum: a proposta de projectos alternativos para a sociedade”, afirmou o diário português Público, em sua matéria especial sobre esta efeméride.
Em artigo publicado pela Folha de São Paulo, no final de agosto (28/08/16), Carlos Eduardo Berriel, professor de teoria literária da Unicamp, explica que na pronúncia inglesa a palavra utopia gera uma homofonia de dois termos com sentidos diferentes: ou-topia (não-lugar) e eu-topia (terra da felicidade), o que “contribuiu – querendo ou não – para as ambiguidades que o uso do termo” adquiriu ao longo da história.
Não por acaso utopia é também interpretada como um sonho que se deseja tornar realidade, como diz o título da matéria publicada no Estadão pelo jornalista Sérgio Augusto sobre o ciclo de palestras organizado um ano atrás pelo jornalista e professor de filosofia Adauto Novaes: “O Novo Espírito Utópico”.
Tempos de distopias
Os 500 anos de Utopia decorrem em um momento em que as distopias parecem tomar conta do Planeta Terra, ao mesmo tempo em que surgem os mais consistentes sinais científicos sobre a existência de outras formas de vida extra-terrestre. “A distopia é uma distorção ou uma mutação da utopia, um sonho que se transforma em pesadelo. A ficção científica e a literatura de antecipação são pródigas em fantasias do gênero. De Jules Verne (Capitão Nemo era um utopista) ao Aldous Huxley de Admirável Mundo Novo, ao Orwell de 1984 e ao Ray Bradbury de Fahrenheit 451”, explicou Sérgio Augusto. “Na obra de Morus, sonho era resultado de idealização; hoje é reação às forças conservadoras”
Se entendemos a utopia como uma força positiva, capaz de levar os seres humanos a ultrapassar seus limites em busca de uma condição ideal e coletiva para uma parte ou o todo da vida, “então somos todos utopistas”, afirmou Berriel, fundador e editor da revista Morus - Utopia Renascimento. Foi em busca das versões brasileiras dessas utopias contemporâneas que a equipe do Contexto Repórter saiu em campo. Sigam os links abaixo e vejam o que encontraram.
Boa leitura!
Sonia Aguiar
Utopias brasileiras
Consumo consciente, sustentável e local
Alimentação saudável para todos, sem desperdício
Mobilidade urbana sem distinções
Cidades digitais para inclusão social e cultural
O direito à cidade como direito a qualidade de vida
Brasil alfabetizado ou letrado?
Igualdade de gêneros sem guerra dos sexos
Liberdade de crenças e tolerância religiosa
O fim de todos os racismos
Justiça igualitária
A cura de doenças "incuráveis"
O dilema das drogas ilícitas
A revitalização do Velho Chico
Para saber mais:
A Utopia: 500 anos de um novo mundo
500 anos depois, o sentido de Utopia não se perdeu
Carlos Eduardo Berriel escreve sobre a "Utopia", que faz 500 anos
Um sonho de 500 anos
500 anos de ‘Utopia’(uma crônica do romancista Reinaldo Moraes)
Utopias contemporâneas
A 1ª Bienal de Design de Londres reuniu trabalhos de 37 países em torno do tema “Utopia do Design” – inspirado na obra de Thomas More (entre os quais o do México, na imagem ao lado)
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