Por Francielle Couto Santos e Isabelle Freire Viana
Livros riscados, capas soltas e páginas rasgadas. Esta é a situação de muitos livros da Biblioteca Central (Bicen) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O acervo, que conta com cerca de 150 mil exemplares, passa por uma situação visível de mau uso, cujas condições tornam-se mais complicadas a cada dia.
Anualmente, são destinados R$ 2 milhões para a aquisição de novos exemplares. A compra é realizada por meio do Programa Ensino de Qualidade (Proquali), criado para descentralizar as decisões acerca dos títulos selecionados. Cada departamento e núcleo de ensino recebe um valor fixo, que varia conforme os indicadores do número de alunos que ingressam e se formam por curso. Isso significa que a verba designada para o Proquali não é distribuída igualmente, e uns ganham mais que outros.
Feitas as solicitações, a partir de indicações dos professores, o processo de aquisição é então iniciado. Contudo, quanto ao aproveitamento do acervo, há uma distinção aparente entre os alunos das áreas de Humanas e Exatas. Enquanto estes últimos demonstram maior satisfação em relação aos livros, os de Humanas reclamam principalmente do estado em que o material se encontra.

Já na área de Letras, por exemplo, é fácil encontrar livros em condições lamentáveis que comprometem o manuseio. Muitos são tão antigos, que o mofo tomou conta. “Faltam páginas e são um pouco velhos, e eu tenho alergia, ou seja, isso só piora o meu problema”, afirma Mirthes Maria Silva Santos, do 4° período de Português-Inglês. Segundo ela, “alguns exemplares estão deploráveis”.
Desatualização
Segundo a diretora da Bicen, Rosa Gomes Vieira, a área de Humanas enfrenta problemas como esses porque não há listagens de substituições de livros. “Se o professor não pede, nós não temos condições de saber que aquele livro ainda é daquela bibliografia”, declara. “A gente não interfere nessa parte de material bibliográfico. Fica a cargo do professor solicitar ou não novos livros”, explica a diretora.

Porém, os próprios estudantes contribuem para a deterioração do acervo da Biblioteca, que é de utilidade pública. Os calouros entrevistados disseram que encontrar os livros é o maior problema deles, já que os alunos mais antigos misturam os exemplares. Os veteranos, aliás, são os que mais depredam e desordenam o material, segundo Maralise Barreto da Rocha, uma das recepcionistas da Bicen. Para ela, a preservação dos livros da Biblioteca pelos estudantes, de modo geral, é péssima.
Rosa Vieira acrescenta: “O aluno, em vez de tirar cópia, corta as páginas que precisa. Assim, esse livro deve ser tirado do acervo, porque não vai mais servir”. O patrimônio cultural que deveria ser preservado possui hoje um alto índice de imprudência e mau uso, o que implica falta de comprometimento. “A gente tem algumas ideias para promover campanhas de preservação do material”, conta a diretora. Para ela, é incompreensível ver que o aluno do ensino público não consegue conservar o material que vem de gerações. A falta de consciência e o mau uso só prejudicam os próprios estudantes, mas parece que eles se recusam a compreender isso.
Como cuidar do que é de todos
- Ao ler um livro, evite abri-lo totalmente, como por exemplo, em cima de uma mesa. Isto pode comprometer a estrutura de sua encadernação.
- Quando tirar um livro da prateleira, não o puxe pela parte superior da lombada, pois isso danifica a encadernação. O certo é empurrar os volumes vizinhos para cada um dos lados e puxar o livro desejado pelo meio da lombada.
- Folheie o livro rapidamente, mas com cuidado, sempre que for colocá-lo de volta na prateleira. Isso vai arejá-lo.
- Papéis avulsos não devem ser deixados no interior das páginas. Em alguns casos, a acidez de um pedaço de papel – um recorte de jornal, por exemplo – pode até inviabilizar a leitura.
- Não consumir alimentos e bebidas durante a leitura. Derramamentos acidentais de líquidos e gordura podem causar sérios danos às obras. Alimentos também atraem baratas e outros insetos, conhecidos vilões do acervo.
- Grifos e anotações são elementos estranhos à natureza do livro. Eles prejudicam a leitura de outros usuários, limitando o acesso ao conhecimento.
- Não dobre as pontas nem vire as páginas com auxílio de saliva.
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