Poucos espaços de pesquisa, experimentação e prática acadêmica da UFS são considerados candidatos à certificação de qualidade
Por Adson Santana e Ruhan Oliveira
Uma boa formação acadêmica ultrapassa o limite das salas de aulas, no que se refere ao espaço físico. Além das teorias, é indispensável dar ao aluno a possibilidade de contato com as realidades que vivenciarão no exercício da futura profissão. É nesse contexto que se traduz a importância dos laboratórios de ensino e pesquisa, ambientes de experimentação, criação e conformação de conceitos.
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) concede aos ambientes laboratoriais que possuem equipamentos de exata apuração um selo de qualidade. A concessão do selo objetiva incentivar o alcance e a manutenção de padrões elevados de qualidade e de resultados positivos. Até o momento, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) não possui laboratórios acreditados como excelentes, mas caminha nesta direção.
A instituição dispõe de aproximadamente 50 laboratórios de pesquisa e prática acadêmica, direcionados a cursos diversos. Não é possível, no entanto, apontar a quantidade exata de tais ambientes pelo simples fato de não existir um mapeamento das unidades, segundo a Coordenação de Pesquisa (Copes). Deste total, apenas os dos departamentos de Física e os do Núcleo de Estudos de Recursos Naturais (Neren) se aproximam do que se pode considerar de excelência.
À espera da qualificação
No Departamento de Física, existem dez laboratórios de pesquisa equipados com aparelhagem específica, que beneficiam o entendimento da prática nesta área de conhecimento. “Eles servem como referência de pesquisa. Existe uma comparação entre universidades que reafirma o padrão apurado dos nossos equipamentos”, afirma Divanízia Nascimento Souza, coordenadora da unidade. Para ela, eles já podem ser acreditados como execelentes.
Embora a declaração da coordenadora dê ênfase ao caráter de excelência dos laboratórios de Física, nunca houve uma acreditação qualitativa por parte da ABNT. “Os laboratórios são bons mas não chegam ser ótimos, precisam de reformas e de aparelhos bem mais modernos”, afirma a estudante do 6º período Maria Aparecida, 21 anos. Já para a mestranda em Física Caroline Moura, 24 anos, a infraestrutura está melhorando, mas não é suficiente para a quantidade de alunos. “Apesar das dificuldades, no que se refere à aquisição de equipamentos há um esforço dos professores e do CCET - Centro de Ciência Exatas e Tecnológicas - por melhorias”, observa.
No Núcleo de Estudos de Recursos Naturais (Neren), que cedem laboratórios da pós-graduação em Agroecossistemas para cursos de graduação como os de Agronomia, Zootecnia, e as Engenharias de Pesca e Ambiental, , o caminho para a qualificação parece iminente. Segundo a coordenadora Maria de Fátima Arrigani Blank, o Núcleo conta com oito laboratórios que oferecem as condições necessárias para o corpo discente. “Não passamos por nenhuma avaliação, porém com o alto número de produção e especialização no que fazemos, o nosso reconhecimento não deve estár longe”, acredita.
Heyde Vanessa Souza Santos, 29 anos, mestranda em Agroecossistemas, corrobora, afirmando: “Os laboratórios são bem equipados, atendem à demanda da minha pesquisa, o meu acesso é sempre permitido e estou bem servida”. Hécules Rosário Santos, 19 anos, aluno do curso de Agronomia, completa afirmando que, apesar de seu curso não possuir laboratório próprio, consegue efetuar o seu projeto de pesquisa com precisão considerável nos laboratórios cedidos pelo núcleo.
Investimentos nos laboratórios
Os recursos que financiam as pesquisas, principal motivo da existência dos laboratórios, são de origens diversas, como CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Observa-se, também, a participação da iniciativa privada, como Petrobrás e Energisa. “Em troca das concessões cedidas pelo Governo Federal, empresas privadas são levadas a investir em fundos setoriais em diversas áreas de pesquisa”, afirma André Mauricio Conceição de Souza, diretor no CCET. Para ele, as empresas procuram as melhores linhas de pesquisa e pesquisadores de ponta e investem o seu capital.
Enquanto os laboratórios de Física recebem apoio de diversas frentes, outras unidades são relegadas ao descaso e a falta de investimento. É o caso dos de Engenharia Ambiental, Agronomia, Nutrição dentre outros, cujos estudantes são obrigados a utilizar laboratórios de outros departamentos para suas práticas.
Exemplos de excelência
Apesar da divulgação incipiente, existem, no Brasil, laboratórios tidos como referência nacional pela exatidão de resultados e credibilidade construída. Um exemplo é o dos laboratórios contemplados pelo Programa Laboratórios de Experimentação e Pesquisa em Tecnologias Audiovisuais – XPTA.LAB, lançado em 2009 pelo Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual: Natalnet, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Wikinarua, da Universidade Federal de Brasília; Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid), da Universidade Federal da Paraíba, e Laboratório de Computação da Universidade Federal de São Carlos. Outro exemplo é o Laboratório de Experimentação e Análise de Alimentos (LEAAL), ligado ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco.
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